Leonardo nunca se perguntou o que era
o sofrimento, e era o usuário dele de vez em quando. Além disso, o dicionário
já respondia: dor física ou moral. E para ele a resposta estava ali e não
precisava entender o que era esse sentimento. Ele não tinha tempo e paciência
para tal ação. Tudo bem, mas isso não explica em sentido prático, e Leonardo
sofria por ser imediatista, mas ele não sabia como não ser imediatista, por
isso sofria. O empresário não sentia interesse algum em comprovar o que era/é o
sofrimento.
Para Leonardo, era perda de tempo
esperar por qualquer coisa que fosse, e não valia seu tempo e nem sua
dedicação. Ele só queria resultados e de preferência, para ontem, pouco se
importava com as pessoas que amavam os processos. Sem rodeios, nada de muitas
explicações, ele só queria praticidade. Só.
Leonardo nunca se deu conta de que
existe muito mais do que ele vê, e ele estava enfadado ao sofrimento sem conhecê-lo.
Como se fosse um cego. Ele nunca gostou de filosofia, isso era perda de tempo.
Nunca se perguntou o que era a dor física ou a dor moral? E nem mesmo antes
disso, nem se atrevia a perguntar o que era o físico e o que era o moral. Tudo sendo
um jogo de perguntas e respostas, da qual requer paciência nesse processo de
aprendizagem. E Leonardo? Nem sinal de empenho algum nesse quesito.
Quem tem paciência? Leonardo não tem!
Por isso nunca a perdeu. Era acostumado a ter pessoas ao seu redor trabalhando
para ele e lhe dando somente resultados. E nada de acompanhar processos. Talvez
nunca tenha se apaixonado, que triste era Leonardo sem um amor, tal qual um
pássaro sozinho no mundo sem poder usar o seu cantar, ou escondendo ele. E
também, ele nem tivesse capacidade para aguentar um relacionamento, pois isso exigiria
tempo e paciência, e o imediatista teria que esperar passar por um processo,
isso seria contraditório. Mas, Leonardo não! Ele só tinha tempo para seu
crescimento material.
Leonardo via a vida racionalmente. E
ele tinha sérios problemas com seu imediatismo. Desenvolveu uma ansiedade
patológica e fobias do depois. É! Leonardo era apaixonado pelo agora e morria
de medo de que o depois chegasse sem os resultados que ele queria. Ele
acreditava que a vida era somente o presente. E por isso, ele tirava conclusões
precipitadas, em relação às emoções, de algo que ele mesmo criava, pois não se
dedicava a aprender a lidar com elas. Mas também, ele se deixava levar pelas suas
criações, através do veneno eficiente da sua imaginação que estava dando uma
pitada nas respostas. Mas por quê? Bom, o porquê não se sabe, mas seu ego
imediatista o fazia sofrer horrores na calada das noites, em seus pesadelos
sistemáticos. Lá ele sofria mais porque tinha que esperar o pesadelo passar,
ficava preso até seus olhos abrirem novamente. Dormir passou a ser uma tortura
e não um descanso, não para Leonardo.
E todas as noites Leonardo sentia um
vazio enorme. Ele não sabia lidar com a mãe ao telefone, ela falava muito de
sentimentos e ele sempre tirava conclusões imprudentes, pois não sabia ouvir e
nem falar, não sabia fazer papel de interlocutor quando era necessário. O
problema é que ele não era bom com diálogos; ele só se perguntava por que as
pessoas gostavam tanto de fazê-lo esperar, e tinha taquicardia. Mas quem sabia
disso? Ninguém! Leonardo não tinha para quem contar.
Um dia, por causa dessa ansiedade,
ele parecia ter vulcões dentro dele que o queimava e uma hora explodiria. Pediu
a sua assistente o resultado das últimas vendas da empresa, e ela se demorou. Para
quê? Leonardo sentiu fortes dores no peito e falta de ar, caiu duro no chão,
suando frio e foi levado ao hospital às pressas com ajuda da ambulância. Seu
corpo estava elétrico, ele se debatia, gritava. Os médicos cuidaram dele e
resolveram fazer exames. Leonardo, depois da crise, viu que estava num
hospital. Sua ansiedade voltou e a taquicardia também. Ele não aguentou esperar
o resultado dos exames e não resistiu. O imediatista veio a óbito. Ele ainda
teve sorte de morrer no hospital.
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