quarta-feira, 24 de abril de 2013

Emília e Gerson




Os pais de Emília eram ricos, possuíam muitas fazendas na Itália. Um dia os Agarelli vieram a passeio visitar a Irmã da mãe de Emília, a cidade de Içara tinha como o atrativo natural: a natureza. A casa da tia de Emília ficara próximo ao Lago do Jacaré.
         Emília era adolescente, e se apaixonara pelo lugar, pensara:
 “como pode existir tanta beleza em um lugar só? Tanta naturalidade que faz qualquer um se apaixonar” e não queria mais ir embora. Pensara em morar com a tia e anunciou a mãe que não gostaria de voltar para Itália, já que dominava muito bem a língua portuguesa e estava no último ano da escola. A mãe dela propôs uma condição. Primeiro queria que ela fizesse faculdade e depois a deixaria morar onde desejasse. Emília gostou, prometendo voltar a esta cidade.
         Os anos passaram e Emília já havia se formado, fez gastronomia cuja paixão era desde a adolescência. Os pais a ajudaram financeiramente e ela aceitou para não magoá-los, mas, Emília queria ser independente e logo conseguiria um emprego e também não queria viver em casa como uma dondoca sem fazer nada vivendo á custa dos pais, ela não era assim. Emília queria morar sozinha, não pensara mais em morar com sua tia, já era adulta. Mudou-se para um apartamento pequeno que seus pais lhe deram de presente, era muito simples, seu pai queria colocá-la em uma casa grande, mas ela não aceitou, não parecia pertencer a uma família tão rica. Seu pai resolveu fazer sua vontade para deixá-la feliz.
         Ela se correspondia com o pai, pois tinha uma relação muito forte, era a única filha e se sentia orgulhosa por sua vontade de ser independente, seu pai a chamava de “Mia bambina”.
         Nos primeiros meses ela sentiu falta de seus pais, mas só em saber que já estava em sua casinha, já estava muito contente por saber que o princípio da sua independência se aproximava, mas, o fato de estarem se correspondendo por cartas a fazia mais feliz. Sentia-se bem em saber que seus pais aceitaram a sua decisão, mesmo no fundo, não querendo perder a “bambina” deles.

Mio padre,

Desde quando pisei nesta cidade pela primeira vez eu me apaixonei por ela, creio que aqui seja o começo da minha vida, quero encontrar meu espaço nesta cidade profissionalmente e também um amor sincero e te dar netinhos. Estou muito feliz por vocês respeitarem a minha decisão e, por favor! Venham me visitar quando puderem.
A cidade é rica por natureza babbo aqui me sinto em casa, já fui visitar os lugares históricos, são lindos.
Quero agradecer pelo apoio que estão me dando e também por serem fortes de me deixarem aqui sozinha, não se preocupe, eu me viro bem e vocês sabem que eu sou forte. Aqui na cidade tem um restaurante italiano muito bom! Faz-me lembrar da Itália. Sei que a gastronomia é um dos maiores ramos em crescimento e um dia terei meu restaurante, mas quero começar de baixo como todo mundo faz, assim, eu adquiro mais experiências.

Saudades, Emília.

         Era sempre seu pai que respondia as cartas, ele fazia questão. Ficava triste ao saber que a filha estava longe e que não queria mais uma vida de conforto que o próprio dera todos esses anos, ela queria experimentar a responsabilidade. Voar sozinha e se descobrir nesse mundo e mostrar para seus pais o quanto era determinada e podia ser responsabilizar por si mesma. Tinha sonhos e queria que fosse possível realizá-los.
                           
                   

Cara Emília, mia bambina

Você sabe que não precisa passar por isso, seu pai tem fazendas e construiu essa casa para o seu conforto, não acredito que minha bambina cresceu e que já é uma mulher.
Sentimos sua falta. Se mudar de ideia, seu babo está aqui, mande notícias que logo vamos visitar você. Se cuide mia bambina!

Saudades, papai e mamãe.


         Emília pronunciara o “Scomassoni Sabor da Itália” para seu pai e tinha o hábito de vez em quando saborear os pratos daquele restaurante e no dia seguinte ela resolveu ir lá almoçar, gostava de chegar quando o restaurante abria para saborear uma bebida e pensar na vida e no que ia fazer, quando avistou uma mesa se sentou e logo ouviu uma Senhora no balcão do caixa chorando, não havia gente no restaurante, ainda eram onze horas da manhã, e ela fora perguntar àquela senhora se poderia ajudar.
          - Desculpe, posso ajudá-la? Porque choras?
- Sabe quando você sente que o mundo desabando em sua cabeça e você não tem para onde correr? – disse a senhora com as mãos segurando o rosto inchado.
- Mais ou menos, estou em uma nova fase da minha vida, acabei de chegar da Itália, me formei em Gastronomia Italiana.
- Mais você é tão jovem! Já é formada?
- Tenho vinte e dois anos, já deveria estar trabalhando. Mas porque a senhora chora? – perguntou Emília com pena daquela senhora.
- Meu cozinheiro reclamou que eu o pagava mal e pediu demissão. Agora não conheço outro cozinheiro que saiba cozinhar comida italiana, vou à falência, pois não sei cozinhar perfeitamente e tenho muitos clientes.
- Então porque o restaurante está aberto se não tem cozinheiro? – Curiosa não podia deixar de perguntar, pois já havia sentado e se pedisse alguma coisa? Aquela senhora já iria perder uma cliente.
- Ele veio trabalhar, mas do nada começou a reclamar, pediu demissão e foi embora.
- Senhora, se me permite, acho que tenho a solução, tive uma ideia! Vamos unir o útil ao agradável?
- Como assim menina? Não entendi.
- Dê-me uma chance! Posso ser a nova cozinheira, já que a senhora está precisando de uma. Não importa quanto a senhora vá me pagar, por favor!? Dê-me uma chance. Faça um teste comigo – Ofegante, ela acreditava que ia conseguir.
- Não sei! Você tem experiência na prática? Como posso confiar em você?
- Como eu disse, faça um teste! Tenho certeza que não vai se arrepender. Fiz alguns estágios em dois restaurantes na Itália durante um ano. Quis experimentar duas cozinhas para testar meus conhecimentos e também fazendo meus pais de cobaias – ela sorriu educadamente para aquela senhora e prosseguiu - até o cozinheiro dos meus pais ficou com inveja de mim.
- Esta bem, mas o que você sabe fazer? Tenho muitos clientes e daqui a pouco estarão chegando.
- Vou preparar o que aprendi, vamos ver os ingredientes que senhora tem.

         Emília entrou na cozinha como se já tivesse estado lá. Começou a separar os ingredientes e pediu a Senhora Francisca para comprar o que faltava. O antigo cozinheiro havia deixado a cozinha bagunçada, mas, já havia algumas coisas pré-preparadas, talvez tenha saído com raiva e determinado a não voltar. Ao meio dia e meio o restaurante estava cheio e Emília tinha colocado na porta a seguinte frase: “Desculpem a demora, mas, fiquem á vontade que a cozinha está sobe nova direção”.
         Quando Francisca chegou ficou assustada com tanta gente no restaurante e ficou com medo. Leu o recado na porta que Emília havia escrito e foi para a cozinha. Enquanto isso os garçons estava acalmando aquela gente e servindo bebidas.
- A senhora pode ter certeza que não se decepcionará comigo, só pedi a senhora para comprar esses ingredientes para que eu possa fazer a sobremesa enquanto os clientes saboreiam o almoço. Em alguns minutinhos já esta pronto. Vamos anunciar o prato do dia?
- O que é? Posso saber primeiro?
- Tem certeza?
- Ok, vai lá, mas estou aqui.

         Emília já estava convencida que o emprego era seu, confiava em suas habilidades e mal podia esperar para comentar essa alegria com seus pais. A Sra. Francisca quando chegou ao salão pediu a atenção de todos. Apresentou Emília e disse que ela havia preparado o prato do dia e que havia mudado o cozinheiro.

- Sejam todos bem vindos - Emília estava tão feliz que poderia gritar.
-Bom como prato principal será servido Fettuccine de Camarão com gorgonzola, Nhoque ao sugo e capelletti à toscana com acompanhamentos.
- “Parece muito saboroso!” - alguém disse.
- Brigada, mas peço que saboreiem, logo trarei a sobremesa.
         As pessoas mal acreditavam que uma jovem garota pudesse saber cozinhar como uma perfeita profissional, e ao saborearem a comida, com a ajuda de um homem sentado nos fundos do restaurante, começaram a bater palmas.
- Fazia tempo que não experimentava uma boa comida Italiana, o antigo cozinheiro não chega aos pés dessa jovem. Se ela for à nova cozinheira eu venho aqui todos os dias – disse o mesmo que agradeceu da primeira vez.

         Dona Francisca não podia querer mais nada do que aquele momento foi até a cozinha e abraçou Emília como se fosse sua melhor amiga e agradeceu sua insistência em ser cozinheira e que de agora em diante ela a queria como cozinheira do Scomassoni Sabor da Itália.
         Logo, Emília trouxe a sobremesa “Soufflé Ghiacciato al Mandarino”. Foi aplaudida mais uma vez com um sorriso de satisfação.
         Ao voltar para casa, escreveu para seu pai contando tudo o que havia acontecido. E que estava muito feliz, disse que o que ganharia dava para se sustentar e ainda sobrava. Seu pai lhe comprou um carro e não teve como ela não aceitar, porque ele já estava na garagem, ele havia lhe comunicado de uma surpresa pelas cartas e lhe mandou a chave por correspondência, pedindo desculpas por não poder comparecer.
         Um ano depois, quando Emília estava indo para o restaurante de carro, um rapaz de bicicleta atravessara na sua frente e justo no momento em que ela tinha abaixado para pegar um CD que gostava e colocá-lo para ouvir. Neste dia, ela estava indo mais cedo.
         - Meu Deus! Você está bem? – gritou vendo o rapaz estirado no chão.
- Nossa moça, você quase me matou – disse o rapaz segurando sua perna direita.
 Juntou-se uma multidão ao redor de Emília e do rapaz. Emília comunicou às pessoas que iria levá-lo ao hospital. As pessoas começaram a se afastar.
          - Vamos, vou levá-lo ao hospital, ou quer que eu chame uma ambulância?
- Estou bem moça, posso me levantar – disse com expressão de dor no rosto.
- Faço questão de levá-lo, estou envergonhada, deveria ter prestado mais atenção. Perdoe-me – ela estava mesmo envergonhada, como não prestou atenção na estrada, isso nunca aconteceu.
- Tudo bem, mas só vou para que você não se sentir culpada.
- Entre no carro, vou deixar sua bicicleta no meu trabalho.

         Gerson entrou no carro e viu que ela parara na frente de um restaurante há duas quadras de onde estavam. Ela pediu que ele lhe esperasse no carro que já voltava. Explicou o que aconteceu para a dona do restaurante e ela disse para levá-lo. Dona Francisca aprendeu alguns pratos com Emília nesse período, e disse para não se preocupar porque poderia cozinhar como fazia algumas vezes, quando pensara que Emília deveria ter folgas.
         - Vamos? Você está bem? Perdoe-me novamente, não era minha intenção... - ele a interrompeu respondendo.
- Não se preocupe isso acontece.
- Brigada pela consideração, aliás, me chamo Emília Agarelli e você?
- Sou Gerson Benevides. Você é Italiana?
- Você é curioso em? Como está sua perna?
- Desculpe! Acho que quebrei, pois você veio com tanta força que... - ele lembrou o assunto anterior e não falou mais nada não querendo que ela se sentisse culpada.
- Ok, chegamos. Deixe-me ajudar você.
         Os dois conversaram no caminho inteiro e Gerson se encantou muito com a beleza de Emília, ela tinha os cabelos lisos e castanhos escuro até os ombros, olhos azuis bem espalhados por seus grandes olhos. Parecia tão jovem, mas tão adulta, e estava usando calça jeans com uma blusa azul de cetim, combinava com seus olhos.
- Sou descendente de Italianos, não nasci na Itália, embora tenha sido criada como uma, mas fui para Itália quando tinha seis anos. Eu estou aqui tem dois anos aproximadamente e trabalho naquele restaurante.
- Dizem que a comida é maravilhosa, então é você quem faz? – perguntou Gerson admirado com aquela jovem se mostrando muito independente.
- Sim, sou eu mesma. Nunca foi lá?
- Não! Mas meu tio vai de vez em quando com o patrão dele
- E você? – a curiosidade era imensa, ela havia percebido que o rapaz era muito bonito e atraente, tinha um jeito cauteloso de falar, não tinha pressa de nada.
- Sou descendente de portugueses, quando meus pais morreram vim pra cá com meu tio e acabei de me formar em direito. Mas, ainda não comecei a atuar.
- Que idade você tem?
- Agora a curiosa é você! Eu tenho 27, já estou velho.
- Claro que não! E eu tenho 25 anos. E só trabalho tem um ano.
- E já tem profissão! Desculpa, mas que inveja em?
- Não se inveje, foi pura sorte e dedicação com persistência, meus pais não quiseram me deixar morar sozinha, mais mostrei a eles que queria escolher a minha vida e não ficar naquela fazenda de italianos dependendo financeiramente dos meus pais.
- Que determinada em?
- Chegamos, nossa, parece que andamos bastante - disse Emília se referindo ao andar lento de Gerson, por causa de sua perna ferida.

         Ao ver um enfermeiro na porta do hospital, pediu ajuda para carregar Gerson. O médico o examinou.
- Bom, teremos que engessar, parece que você quebrou a perna e deverá ficar de repouso e em observação algumas horas. Sua esposa deve vir buscá-lo mais tarde, não precisa ficar, temos médicos aqui para observá-lo.
- Obrigada doutor, que horas ele pode sair?
- No fim da tarde. Vamos tirar uns raios-X para ver se não houve mais fraturas. Aliás, foi um acidente? – e logo Gerson interferiu na conversa deixando Emília de lado querendo defendê-la.
- Um louco passou na estrada em alta velocidade e me pegou, eu estava de bicicleta e Emília me trouxe até aqui.

Gerson gostou de saber que, o doutor havia pensado que aquela garota tão linda fosse sua mulher e falou que um louco o atropelou porque não queria que o encanto daquele momento acabasse. Ela prometera vim buscá-lo. O doutor saiu do quarto de Gerson e os deixou a sós.
- Porque você o deixou pensar que somos casados?
- Desculpe, é que você disse que viria me buscar, e eu não quis que você contasse ter me atropelado, não mesmo.
-Brigada! – mas eu merecia alguma punição por isso.
- Claro que não, eu jamais deixaria isso aconteceu – logo abriu um sorriso encantador que até Emília se encantou retribuindo da mesma forma.
         Emília se despediu, passando a mão na cabeça de Gerson e dizendo que viria buscá-lo assim que saísse do restaurante. Ele agradeceu.
         Gerson veio de uma família de portugueses que mal tinham o que comer, ele veio com o tio para Içara porque seus pais tinham morrido na cidade onde ele nascera, no Rio grande do Sul e ele era o único filho.  Gerson teve sorte que seu tio havia conseguido um emprego bom e o ajudou muito, fez faculdade de direito.
         Em pensar que depois de tanto sacrifício que passou conhecer de repente uma garota tão linda e independente, o fizera criar forças e ir à luta. Gerson tinha apenas um amigo, Franklin, que fizera faculdade no mesmo lugar, sentia saudade dele, Havia casado e tinha uma menina recém-nascida, se chamava Jéssica com apenas alguns dias de vida e ficava triste de não poder visitá-lo, era pobre e não tinha dinheiro, seu tio o ajudava com muito esforço.
         No momento de muitas reflexões, de repente seu celular começa a tocar e é Franklin, anunciando que avistou um emprego para Gerson, e que agora ele poderia atuar na mesmo repartição que Franklin, na cidade onde ele estava. A alegria foi imensa, Gerson combinou com Franklin e até comentou que estava em uma cama de hospital. Franklin ficou muito preocupado, mas, Gerson disse que tinha alguém cuidando dele, e falou da moça e do que havia acontecido. Franklin avisou que iria visitá-lo logo. Então se despediu.
         Logo pela tarde, Emília voltou ao hospital e viu Gerson com a perna enfaixada. Foi ajudá-lo, levando umas muletas para que ele conseguisse andar. Emília disse que não daria para ele ir de bicicleta, então perguntou onde ele morava que levaria em casa, sem opção, Gerson aceitou. No percurso ela lhe deu algo para comer, dizendo que ninguém merecia comida de hospital e de todo o tempo que ele passou lá sem comer nada de bom. Gerson agradeceu satisfeito.
         Emilia percebeu que ele morava a duas quadras de sua casa, em uma rua mais humilde. Gerson era pobre, e ainda morava com seu tio e ao chegar ao portão gritou por ele e logo veio acudi-lo. Perguntou o que aconteceu e convidou a moça para entrar. Ela entrou por uns instantes.

- A casa é modesta, mas é acolhedora.
- Eu sou simples esqueceu? Lembra que eu te contei que vim morar para cá para fugir da luxuria que me cercava lá?
- Certo você quer beber alguma coisa, ou comer alguma coisa?
- Não obrigada! Já estou satisfeita, comi no restaurante.
- Ei, tio?  Ela é cozinheira do Scomassoni Sabor da Itália.
- É você quem prepara aquelas delícias? – perguntou o tio admirado por ela ser jovem.
- O senhor já foi lá?
- Fui algumas vezes, trabalho para um executivo de motorista particular, e de vez em quando ele come nesse restaurante e me leva junto, é muito solitário e eu faço companhia, ele não confia muito nas pessoas, elas se aproximam pelo dinheiro dele e isso o deixa com raiva.
- Então, você está se sentindo melhor Gerson? – havia um ar de preocupação na voz dela.
- Sim, dou um pouco, mas com os remédios creio que diminuirá.
- Que bom, mas se eu puder ajudar mais de alguma forma... – fitou-o com preocupação.
- Não, eu melhorarei logo, sei disso – ele disse com certeza e com aquela voz que Emília gostava de ouvir - Ah! Bom, hoje falei que estava desempregado, agora não estou mais. Começo a atuar como advogado daqui á um mês.
- Que notícia boa, pois quando trabalhamos com o que gostamos é pura emoção. Bom, logo trarei a sua bicicleta, vou indo que já está tarde e amanhã acordo cedo. Tenha uma boa noite! E se cuide!

         Emília não parou de pensar em Gerson no caminho para casa, seria ele a sua felicidade? Porque o que sentira a deixou meio confusa, só teve um namorado quando ainda estudada no colegial e devido a tantos planos com a mudança e a faculdade não pensara muito em namorar por talvez não quiser se prender a ninguém de lá, pois o seu objetivo era vim para o Brasil.
         O tempo passou e Emília estava enrolando para voltar à casa de Gerson. Havia se passado três semanas e, ela nem tinha pegado seu telefone, mas resolveu ir até lá, quem sabe já estava melhor e precisava da bicicleta.
         Ao chegar, Gerson estava na porta e avistou Emília de longe já gritando o nome dela. Foi ao seu encontro e a abraçou demonstrando a saudade que sentia mesmo só tendo a visto só uma única vez. Ela adorou, parecia que precisava daquilo. E quando ela falou da bicicleta, Gerson já estava beijando-a e confusa não relutou contra ele porque estava gostando sem saber por quê.
          Se tio estava de plantão, portanto não voltaria para casa tão cedo, pois quando seu patrão pedia para que ele ficasse de plantão, o usava até o dia seguinte e às vezes ele dormia lá. Nesse momento o telefone tocou, era seu tio dizendo que ia dormir lá essa noite e que ia voltar somente na noite do dia seguinte. Gerson adorou ter ouvido aquilo mesmo nunca ter gostado da solidão. Aquele momento o tio atrapalharia.
         Ele olhou para Emília, e avistava um rosto com bochechas vermelhas e olhos arregalados. De novo ele a pegou em seus braços sem que ela pudesse falar qualquer coisa que estragasse aquele momento. O momento do beijo foi bastante caloroso, demorado e romântico, como Emília um dia havia desejado.
         Quando ele parou de beijá-la olhou seriamente nos seus olhos, como se ela fosse uma coisa rara, é inexplicável para explicar essa explosão de sentimentos que ele nunca havia sentido, ela era uma maravilha de paisagem rica em beleza.
- Emilia, eu queria lhe pedi desculpas, não consegui parar de pensar em você durante esses dias. Meu coração esta cheio de sentimentos e eu nunca senti isso, é uma coisa tão complicada que nem sei o que é. Quando penso em você me sinto feliz e triste. Sei lá. Acho que estou apaixonado.
         Emília ficou imóvel, sempre imaginou ouvir isso de alguém que também desejasse. Ela não conseguia falar, olhava para Gerson com aqueles lindos olhos azuis que cada vez o deixava mais apaixonado ainda por ela. Seu cheiro era tão delicioso que ele ficou com vontade de ter ela em seus braços novamente, mas, queria saber o que ela pensava sobre a situação.
         De repente um estranho a pega nos seus braços e começa a beijá-la apaixonadamente, como se fosse sua razão de viver, é assim que Emília se sentiu. Após pensar muito ela conseguiu falar.
- Eu... Não sei o que dizer, fui surpreendida, mas... Também não consegui parar de pensar em você, pensei que já tinha conquistado tudo o que queria daí você aparece na minha vida de repente e faz eu me apaixonar desse jeito. Quando você me beijou parece que eu já desejava isso... Não sei o que pensar. Isso nunca aconteceu comigo.
- Quer dizer então que você gostou do meu beijo?
- Sim! Acho que também sinto algo estranho, mas, muito caloroso por você, se realmente isso for possível, esse beijo só serviu para que eu tivesse certeza – Emília abriu um sorriso de satisfação.
- Por favor! Namora comigo? Sei que não sou aquele homem que seu pai sonhou, com riquezas e coisas assim. Vou trabalhar e ser um bom advogado e poderei te fazer muito feliz. Deixa-me entrar em sua vida para que possamos ser um só?
- Sim! Confesso que sinto um pulsar profundo no meu coração com toda essa declaração. Aceito!
         Gerson a pegou pelos braços novamente e a beijou com mais vontade ainda, loucamente. E ficou mais feliz ainda em saber que Emília era pura e nunca tinha estado tão íntima de um homem assim antes. Os dois conversaram a noite inteira, Emília estaria de folga no dia seguinte, era uma noite de sábado para domingo. Gerson a respeitou e disse que precisavam se conhecer melhor e aproveitaram todo o final de semana juntos.
         Um ano depois, o casal permanecia firme e forte e mais apaixonado do que nunca. Gerson havia ganhado muitas causas e Emília sentia muito orgulho dele. Gerson a pediu em casamento, pois já tinha muita certeza que queria aquela mulher como sua esposa para sempre. Era hora de Emília contar a novidade para seus pais.


Querido babbo

Estou muito feliz, pois encontrei a pessoa que eu amo. Sinto-me tão amada por ele, que acho nem merecer tanto amor e carinho. Ele me faz sentir uma mulher de verdade.
Hoje ele me pediu em casamento, embora o senhor já houvesse abençoado a nossa união da última vez que veio me visitar, com certeza percebeu que ele é do bem, e que me ama demais.
Então, gostaria de anunciar que me casarei no mês que vem e minha festa será simples, eu farei no restaurante, pois dona Francisca insistiu muito e bancou o Buffet, acredita? Quero que me abençoe de novo, e me leve ao altar.
Estou tão feliz que não tenho mais palavras, me sinto satisfeita e agradeço a vocês por existirem em minha vida.

Até o casamento!
 Com muito amor, Emília.

         Aquela foi à última carta que mandara a seu pai, no dia do casamento seus pais choraram muito. Emília estava linda naquele vestido que sua mãe havia a presenteado e que estavam muito felizes por sua filha estar se casando com seu amor.
         Passaram a lua de mel em Paris, cujos pais de Emília que presentearam o casal. Emília e Gerson foram morar na Rua Cinquenta de dois. Entre a Lagoa do Rincão e a Lagoa do Faxinal. Após dois anos nascera Emilly. Depois Lucas após um ano e por último, quatro anos mais tarde veio Camilly. Os pais de Emília faleceram quando ela estava grávida de Lucas e a herança deixada por seus pais foi guardada para o futuro de seus filhos, ela não quisera nada. E depois que Camilly nasceu o tio de Gerson havia falecido também, de uma doença rara. Portanto, não havia mais família ou parentes por perto. A não ser o amigo de faculdade de Gerson que se mudara para ao lado de sua casa quando Emilly tinha cinco anos.

        


__________________FIM__________________


Um dia de detetive através de um sonho




Não sei muito bem se era de dia ou de noite.
De repente me vi na casa de um estranho que tinha acabado de se mudar, ele até que era jovem, aparentava ter mais ou menos uns trinta anos e tinha uma filha. Eu não sei dizer o nome deles. 
O imaginável disso tudo é que eu estava me mudando para casa desses estranhos, mas, eles mal sabiam que na casa já havia morado pessoas e a história era horripilante, eu não sei também como eu sabia disso, mas sabia.
A parte da casa em que eu me encontrava era na cozinha, espaçosa, com aspectos de suspense, sentia-se alguma coisa no ar.

Instantes depois me vi em outro lugar, cujo lugar eu já conhecia desde a minha infância, ficava perto do colégio onde eu estudei desde a 1ª série, e atrás do colégio  há um caminho longo que chega até um morro em declive, e com muito mato. Quando era pequena ouvia dizer que morava uma bruxa em uma casa linda que ficava na ponta do morro, um dia até cheguei a encontrar algo estranho, mas, bem visível e notável: um sabonete, mais um sabonete diferente, a qual, uma colega de classe dizia ser da bruxa e no mesmo instante ela começou a desmanchar o sabonete numa facilidade, parecia gelatina.


Em instantes novamente eu me encontrava em outro lugar estranho, eu me tele-transportava de um lugar para outro e ficava meia assustada com tudo isso, parecia que eu tinha que descobrir alguma coisa, mas, nem sabia porque aquilo tudo estava acontecendo.


De repente, entrei em uma casa e me assustei, aquele lugar parecia um lugar propícia para fazer bruxarias, tinha muitas coisas estranhas penduradas. Eu estava sozinha naquele lugar e não imagino onde era, não se o que eu deu em mim, parece que mudei meu jeito de ser e me encontrava fazendo curandeirismo, a ponto de encontrar uma cabeça de esqueleto que estava possuída por alguma coisa e eu começava a dizer "Deus todo poderoso" e o resto não recordo , mas as minhas palavras era tão fortes  que eu consegui deter aquela coisa e joguei a cabeça de esqueleto bem longe. Depois achei uma bala (doce) embrulhada na embalagem normal, mais ela era de cor preta e senti que também estava com uma energia negativa e peguei aquela bala e comecei a dizer a mesma coisa que disse para a cabeça de esqueleto e depois tudo ficou normal.

De repente na casa vi uma cabeça pendurada, era de uma velha com rosto bem desfigurado, e nesse momento de suspense e pontos de interrogação na cabeça, eu encontrei uma senhora sentada no chão com a mesma aparência daquela cabeça pendurada, e ela brincava com uma garotinha. Eu estava falando com alguém, mas eu não via e   dizia que se aquela senhora ficasse ali iria ter o mesmo fim que aquela cabeça, eu não imaginava como eu sabia de tudo aquilo, mas, havia uma certeza na minha cabeça e era impossível não acreditar em mim mesma.
Já estava novamente de volta para aquela casa do princípio, depois de dar essas voltas e descobrir certas coisas, parecia que eu tinha que ver tudo aquilo para descobri o que havia naquela casa e que eu sentia ser algo negativo e assustador. Aquele pai junto com a filha, queriam ficar na casa, mas, não sabiam que a casa tinha algo que poderia fazer mal a eles, e esse pai foi muito gentil, fez um jantar e eu jantei com eles. Depois expliquei o que tinha na casa , eu fiquei sabendo na hora. Era isso que era incrível, eu ficava sabendo das coisas na hora que era preciso, não precisava estudar para aprender, talvez fosse um dom ou coisa assim,  mais descobri que um garotinha chamada Emilly havia morado naquela casa, e que ela ainda estava lá mesmo estando morta, não sei como ela morreu mas as forças do mal que fizeram com que o destino dela fosse trágico, ela não parecia uma má menina, talvez algo tivesse acontecido para que ela fosse julgada pelo erro de alguém.
Eu até tentei orar naquela casa para tirá-la de lá, mas estava preza nela, contando toda a verdade para aquela pequena família decidi que não ficaria lá, e que eles não seriam felizes lá de qualquer forma já estavam avisados.
Agora não imagino quem eram eles e para onde eles foram, mas fiz com que eles procurassem a luz e saíssem da escuridão.  Qual foi o meu papel nessa história? Fui uma detetive sem querer, investiguei algo que eu nunca me interessei em saber e ajudei um pai e uma filha.
Estranho.          

Grande encontro



Puramente encantador. Mais que isso, era querido, simpático, todo sorrisos. Não conheci outro que me atraísse tanto espiritualmente. De uma coisa eu tinha certeza, meu espírito já conhecia o dele. E mais, sua voz melodiosa que saia de seus lábios carnudos era uma música lenta e tranquilizadora para os meus ouvidos. Não precisava ficar olhando seus olhos cor de mel porque a sua presença já me deixava muito feliz e segura. 
Toda vez que ele se aproximava eu sentia um conexão. Eu, em meu interior já sentia que nos conhecíamos de algum lugar. Numa vida passada talvez, porque nunca o vi antes, antes de algumas semanas atrás. Era incrível a sua dedicação e comprometimento com o nosso meio, onde tínhamos que permanecer juntos, todos os dias. Ah! Como era difícil.
Sim! Trabalhávamos juntos. Ele em um cargo superior ao meu, e isso me confortava mais. Quanto as minhas atitudes inquietantes e inseguras havia um compartilhamento de palavras e carinho entre nós e assim, eu conseguia me equilibrar. Creio que, se não fosse ele com certeza estaria perdida.
 Entretanto, um dia, percebendo que a nossa conexão estava cada vez aflorada nem eu e nem ele conseguimos nos segurar. O que poderia estar acontecendo? Perguntei-me várias vezes. Queria esconder de mim mesma o que estava se passando em frente aos nossos olhos sem que nós dois enxergasse.
Em sua ausência no comunicávamos por torpedo via celular. Ele perguntava de vez em quando como estava nosso trabalho e se tinha algo para passar á ele. Era nesse vai e vem de mensagens que a gente se falava mais reservadamente. Foi então, que num dia eu li uma mensagem que mexeu comigo. 

  *Você é uma mulher muito especial. É um prazer tê-la ao meu lado.

Fiquei sem palavras naquele instante. Claro, mil coisas estariam passando pele minha cabeça. Depois que alguém diz que você é especial, você tenta imaginar de que forma é especial. E sim, percebi uma reciprocidade da minha parte também. E as mensagens não pararam por ai. Eu respondia. E ao falarmos de nosso trabalho ele me dizia que gostaria de manter a nossa união em outro local se possível. Que não queria perder contato.
Um dia desse ele resolveu falar e não mais por mensagens. Chegou perto de mim e abriu o jogo. Sua expressão era séria e isso me assustou. Fiquei esperando algum tipo de bronca. Não imaginei que ele pudesse estar falando aquilo. Parecia que havia um tipo de telepatia entre a gente, porque o que eu pensava parecia que ele já ficava sabendo. Era incrível.
- Só não quero te magoar. – Ele disse para começo de conversa.
Só aquelas palavras já eram suficientes para saber o que estava acontecendo com a gente. Estávamos atraídos um pelo outro e não era normal. Eu o desejava, queria ele perto de mim. E também, era uma pessoa que me fazia ficar tranquila, em paz. Havia preocupação da sua parte em relação a mim. As nossas conversas se tornaram mais abertas. Ele falava dele e eu falava de mim. Seus olhos se interessavam pelo o que meus lábios diziam. Era incrível a atenção que eu tinha dele. Não parecia ser real. Então, eu resolvi arriscar.
Tinha um problema muito sério entre a gente, algo que eu já sabia por isso evitava falar com ele com mais intimidade. Ele era noivo. Sim! Tinha outra pessoa na sua vida. Então perguntei o porquê queria se envolver comigo. As respostas foram diretas foi algo sobre ter mais intimidade e coisa e tal. Eu já estava ruborizada. Não sabia onde me esconder.
- Eu sempre fui boa com as palavras escritas e não faladas. – Eu disse á ele.
- Mas eu não. – Ele concretizou.
Bom, depois dessa cachoeira de palavras, ele deixou claro que a situação dele não mudaria, e se eu quisesse arriscar seria daquele jeito, às escondidas. Creio que ele me pegou de surpresa eu não esperava isso. Nosso convívio era muito bom. Ele sempre me ajudava de alguma forma. Ouvia os meus lamentos sobre o trabalho e me deixava mais calma quando estava ao meu lado. 
A situação era a mais complexa possível. Nunca admiti ser a segunda na vida de um homem. Mas ele, logo ele, ah isso me dominava por dentro. Logo apareceu de repente na minha vida por alguma razão que não tinha conhecimento. Sinto que, no fundo da minha alma a gente já se conhece. Temos uma conexão tão boa que me faz tão bem e feliz que, aceitei o que ele quis. 
No dia em que nos encontramos fora do trabalho pela primeira vez ele me esperou na esquina para que ninguém nos visse juntos. Logo, fomos á uma das praias pouco frequentada da cidade e o levei num trapiche. Sentamos e conversamos um pouco, já era de noite. Fiquei um pouco tímida na sua presença fora do trabalho. Ele realmente estava ali comigo. Parecia um sonho.
- Eai? Como se sente me vendo fora do ambiente de trabalho? – Ele disse.
- Estranho. – Eu olhei para o mar e voltei a falar. – Muito estranho.
Um momento de silêncio e, ele volta a falar.
- O que você quer saber? – Ele pergunta com seu semblante erguido.
- Nada. – Eu falo imediatamente.
Eu realmente não queria saber de nada. A não ser daquele momento.
Estávamos sentados na beira do trapiche. Eu meio deitada e ele ao meu lado. Então, senti um beijo na minha nuca e depois seus lábios no meu rosto. Era tão bom. Ele foi deslizando para o encontro dos meus lábios e foi então que os encontrou. Nosso primeiro beijo foi ao céu aberto. A plateia foi o imenso mar negro, as estrelas do céu. E havia casas ao redor do grande mar com as luzes acesas, podiam-se ver pontinhos de tão longe que estavam. 
- Ei, sabia que nossos espíritos se conhecem? – Não sei da onde veio àquela frase, mas ela saiu da minha boca. E ele concordou.
Aquela noite foi maravilhosa. Esqueci-me de tudo, até que ele era comprometido. Nosso beijo se encaixou tão perfeito que eu nem queria sair mais dali. O tempo parecia ter corrido. E então, me dei conta de que havia se passado duas horas. Parecia que eram dois minutos. 
- Bom, acho que é melhor a gente ir, se não meu gerente me mata amanha se eu não chegar no horário. – Eu disse e nós dois rimos.
Levantamos e fomos para o começo do trapiche onde levava a uma escada de pedra. Subimos e logo partimos. Ele me levou em casa e depois foi embora. Naquela noite meus pensamentos só estavam naqueles olhos cor de mel. Eu tentava entender o porquê disso tudo. Dessa sensação estranha englobada dentro de mim.
O dia seguinte foi diferente. Eu até consegui disfarçar bem, mas ficava nervosa com a presença dele. O meu coração disparava em frações de segundos quando eu o via. Era como se tivesse sido um sonho e eu havia despertado rapidamente. Em nosso ambiente de trabalho tínhamos que disfarçar e maquiar a situação.  
Era complicado o ver e não poder beijá-lo. Tinha que ser tudo escondido ou por mensagem. Até que eu estava gostando desse nosso desejo oculto. Os dias passavam o e desejo aumentava. Percebia que ele também estava assim. Quando fui embora recebi uma mensgaem

  *Você aqui faz toda a diferença. Você é muito especial. A gente se entende bem.
Toda vez que ele dizia que eu era especial eu me tremia. Porque isso comigo? Eu me perguntava. Sentia que meu coração pudesse soltar pela boca. Então eu respondi.
  *Você não tem ideia do efeito que tem sobre mim. Quem sabe uma hora eu te conto.  – Respondi sem pensar.
  *Então essa eu quero ouvir olhando bem no fundo dos seus olhos... Para depois te dar aquele abraço bem forte.
  *Mas o que eu sinto não é extenso e sim intenso. Poderia te dizer, mas isso não vai mudar nada entre nós.
  *Sim, então vamos nos permitir. Vamos viver tudo que há para viver desse grande encontro. – Ele não desistia e eu gostava disso.
  *Concordo plenamente, a vida é curta demais. E está morrendo gente todo dia. Eu quero arriscar... – Falei, colocando a mão no coração.
  *Eu também vou... Estou curioso para ir mais afundo. Ver se consigo ler as páginas secretas escondidas atrás desses dois olhos negros.
  *Eu sou uma eterna persistente, olhos cor de mel. Também quero desvendar você. Ah, se quero.
Eu finalizei.
Mais dias passaram e continuamos assim. Era tão bom estar ao lado dele. Sempre quando vinha alguém para a gente atender nós queríamos logo despachar a pessoa para ficarmos sozinhos. Tanto da minha parte quanto da dele. Ás vezes, até havia uma inquietação da minha parte quando não conseguia conversar com ele sobre nós. 
Na outra semana combinamos de ele me levar em casa. Eu tinha trabalhado até a noite. Então, esperei ele me avisar. O dia passou devagar. Estava quente. Eu aproveitei e li um pouco. Verifiquei e-mails, li de novo e tudo mais para passar as horas. Quando ele não estava comigo o dia era mais chato e sem graça. Ao final do dia meu celular bipou uma mensagem.
  *Estou aqui em frente ao hotel de carro te agradando meu bem.
Nessa hora eu estava falando com minha colega de trabalho e fiquei embaraçada. Ela estava falando sobre um carinha ai que ela ia sair e eu não consegui prestar atenção em nada do que ela falava. Meu coração disparou de novo só de pensar que ele estava me esperando. Ô loco – como diz o Faustão – isso estava cada vez mais profundo.
Antes de ir pra casa, é claro, passamos num lugar mais escondidinho para ficarmos juntos um pouco. Mais momentos de beijos e abraços. Nossa como a gente se encaixava perfeito. Eu realmente acreditava que existia algo do além. Eu ria sozinha só de pensar nisso. Mas, conversando com ele nos dias seguintes chegamos à conclusão de precisávamos saber o que fomos à vida passada. 
Eu frequentava um centro espírita e falava diretamente com a Negra Velha, um espírito caridoso que ajudava as pessoas a se curarem espiritualmente. Esse assunto não saia da minha cabeça e eu sentia que tinha que perguntar á ela o que estava acontecendo comigo e com ele. Algo estava muito forte e notável.  
Chegando ao centro havia algumas pessoas já para serem atendidas. Sabia que, olhando aquele monte de gente, ia demorar um pouco. Depois de duas horas eu fui. Entrei.
- Oi Vó? – É assim que eu a chamava. A médium era uma senhora de idade já. Sentei de frente para ela com mais ou menos uns 40 cm entre a gente. – Vó, hoje vim buscar respostas e só sairei feliz daqui hoje se a senhora me disser o que eu quero saber.
- Fala fia. – Ela disse.
Nessa turbulência que foi às últimas semanas eu havia recebido uma visita inesperada em minha casa. Mas, antes de eu chegar essa pessoa me ligou pra avisar que estava me aguardando. Eu sentia que, espiritualmente eu estava abalada. Achei que fosse por causa desse meu caso no trabalho e queria acabar com isso. Então, depois da visita do meu ex-namorado eu fiquei preocupada. Ele tinha problemas com a mulher dele com amarração – ela mexeu seus pauzinhos para amarrar ele e o separou de mim – Então ele voltou, disse que estava passando perto e queria me visitar. 
A Vó explicou o porquê ele foi à minha casa.
- Ele só quer conversar... Mas não vô mentir não, ele gosta muito di ocê, mas isso é só encrenca fia. Cê vai se aborrecer muito.
Bom, isso me machucou. Mas, parti para o que eu mais queria saber. Sobre o cara que trabalhava comigo e que fazia meu coração pular. Ela pegou o crucifixo e começou a fazer uma reza em mim. Finalizando, ela começou a falar.
- Esse foi seu perna de carça em outra vida e ocês tiveram filhos. Forum muito felizes e viveram muitos anos juntos. Só que foi interrompido e agora se encontraram de novo.
- Mas vó, ele é comprometido. Vale a pena lutar?
- Vale fia, vale.
- Mas e a mulher dele? Ele é feliz com ela?
- Não. Não é filiz não. E ela ta de vigia, não quer largar dele não. Mas carma fia, carma. A fia tem que ter paciência.
- Eu tenho vó, e sinto que ele é especial sim, mas que agora não é o momento da gente continuar o que a gente interrompeu na vida passada.
- Isso fia, tenha paciência que tudo vai dar certo.
Eu tinha o sorriso nos lábios. Então fomos marido e mulher na vida passada e fomos felizes. Agradeci a vó e sai de lá satisfeita em saber a verdade. Avisei que na semana seguinte eu voltaria.
- Tchau vó. Boa noite
- Vamo pra frente. – Ela disse finalizou.
Eu havia falado a ele que depois que eu soubesse a verdade avisaria. Logo, consegui falar ao telefone. Eu não ia consegui deixar para o dia seguinte o que eu sabia. Porque eu sentia que ele estava ansioso também em relação á este assunto. Era inacreditável. De repente você descobre quem foi seu amor da vida passada. Isso demora para ser digerido. O bom é que a gente não sente nada a não ser carinho imenso um pelo outro. 
Ele foi até mim e fomos à praia. Isso já passava das 20h00minh da noite. Assim que o avistei corri até ele. Contei tudo á ele. Realmente era a coisa mais estranha do mundo. Mas contei. Isso foi rápido demais até. Porque somos dois estranhos, porém só nos conhecemos de vidas passadas. Só uma regressão faria nós sentirmos e vemos tudo o que aconteceu.
Eu o abracei fortemente e recebi o mesmo abraço. Ele estava incrédulo e com medo. E eu ainda falei mais coisas e por fim eu disse.
- Eu esperaria 10 anos se for preciso.
Continuei naquele abraço forte. Ele tinha medo e estava confuso e eu também, nada menos diferente. Então, para ser bem clara eu disse não ia ser agora que ia acontecer, eu ainda tinha que declarar a minha independência. Foi até engraçado. Mesmo assim, a gente tem o livre arbítrio e podemos decidir se queremos isso ou não. Mas eu sempre acreditei que ele apareceria depois dos meus 30 ou 40anos. Mas, o destino quis assim. Porém, segundo as palavras da Negra Velha é com ele que tenho que terminar minha vida, esta vida, esta encarnação. 
Não seria por agora e nem tão cedo. Eu tenho meus objetivos e metas e não seria bom ter a responsabilidade de um relacionamento agora, muito menos com ele todo complicado em sua vida. Não. Ele tem que passar pelo que está passando e com a pessoa que está. Para tudo tem seu momento certo para acontecer. Acredito que a gente vá se encontrar no futuro sim. Só não entendi porque a gente se encontrou agora, nessa altura da vida e da juventude. Será que eu morri jovem assim? Será que foi nesta idade que um de nós dois morreu? Ai! Muitas perguntas para poucas respostas.
- Eu posso até namorar e casar com outro, mas não vai ser você meu bem. – Eu disse firmemente.
Ele me beijou. O beijo era perfeito. Então, quando menos esperei ele estava segurando a minha mão. Isso eu não esperava. Eu até comentei e ele largou. Mas, como eu estava gostando daquele momento nosso eu segurei sua mão novamente.
Não sei até onde isso iria e nem porque ficamos sabendo tão cedo que fomos um casal na vida passada. Mas eu iria buscar e tinha curiosidade de saber quem eram nossos filhos. Nossa. Queria muito saber, dizem que as pessoas que amamos sempre nascem no mesmo meio familiar. Um dia descobriremos. Enquanto isso a gente aproveita o que tem.