quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Um anjo em minha porta


Anjo


A partir do momento em que se dão créditos para certos acontecimentos que transparecem a sua volta, é certeiro que tudo pode acontecer. Espera-se o temporal desanuviar-se em tempo que se forma incerto. Vejo-me então recapitulando o que aconteceu há um tempo atrás. Era um tempo em que eu havia conhecido alguém muito especial.
Resolvi acreditar que um dia esse alguém do passado voltaria para uma visita. Tudo aconteceu no período em que eu estava terminando o colegial. Naquela época tinha dezessete anos, não foi há tanto tempo assim, mas ondas de pensamentos transpareciam esses dias na minha mente e, vagarosamente, parecendo um sonho que ainda não havia findado.
Era uma estrelada noite de sexta-feira e, eu estava sentada na sala da minha casa com a TV ligada quando a voz de uma mulher despertou-me atenção na TV. O assunto que ela abordava era “anjos”. Ela dizia claramente que os seres celestiais existiam desde muitos séculos atrás e que eles estavam sempre entre nós. Fiquei atenta á ela.
Em momentos de palavras cheias de certeza que saia da sua boca ela então contou algo que lhe aconteceu: “Eu estava caminhando e cheguei em uma encruzilhada e distraída pelos uivos da noite não vi o caminhão vindo em minha direção. Senti então alguém atrás de mim me puxando da mira do caminhão até eu perceber, olhando para o lado, para trás e novamente para frente que não tinha ninguém. Então vi uma luz se desmanchar no alto da minha cabeça. Eu sorri acreditando que era meu anjo me salvando, meu coração sentia e minha mente respondia que sim, era meu anjo da guarda”.
Então, percebi que ela estava falando do contato com um anjo. Peguei-me ouvindo até o final e logo ela passou um site onde havia mais histórias de pessoas que acreditavam em anjos. Ao perceber minhas pálpebras ganharem peso eu desliguei a TV e como sempre estava sozinha em casa. Subi para meu quarto não antes de fechar a porta e verificar várias vezes se estava trancada. Fui tomar um banho quente por causa do frio que fazia e logo me deitei. Peguei no sono depois de muito ruminar sobre a vida.
Na manhã de sábado eu desci como de forma costumeira para frente do fogão á lenha que tínhamos em casa para me aquecer e então, comecei a fazer o café. Depois de pegar uma xícara com café e um pedaço de bolo de laranja indo na direção da porta da sala para ver como estava o tempo lá fora, de repente, deparei-me com uma figura que estava na beira da porta.  Por uma fração de segundos eu pensei que fosse um cachorro, mas ao abrir bem meus olhos e ter certeza de que eu estava bem acordada me assustei tanto que quase gritei, mas pensei antes. O que é isso? Pensei. Era um garoto que eu nunca vi antes. Estava usando uma calça jeans e uma camiseta branca.  De onde veio essa criatura? Deve estar sentindo muito frio.
É claro que um sopro de medo se esfregou em mim. Não sei de onde veio, mas sentia que deveria ajudá-lo. Estava sujo e os cabelos que caíam no rosto estavam emaranhados como se não vissem água há muito tempo. Voltei para a cozinha por não crer naquilo que eu acabara de presenciar, então, fiquei assustada e de boca aberta.
Depois de pensar bem, peguei uns pedaços de bolo e uma garrafa de água e coloquei ao lado daquela pobre pessoa e, acrescentando um cobertor para aquecê-lo do frio. Eu não sabia o que estava fazendo pelo fato de nunca ter feito antes, mas sentia que tinha que fazê-lo. Eu o cobri e deixei o bolo e a água ao seu lado. Mil perguntas me vieram à cabeça. Será que ele fugiu de casa? Pois parecia ter mais de dezesseis anos e pelo estado em que se encontrava já devia estar na rua há muito tempo.
Minha mãe não estava, pois viajava muito a trabalho. Voltei para meu quarto e fiquei espiando pela janela o estranho lá embaixo perto da porta. Porque será que ele veio para cá? Será que é um irmão desaparecido? De repente escutei um barulho e me assustei. Depois de mais o menos dez minutos eu escutei de novo, quando descobri o que era ri de mim mesma, era meu estômago roncando de fome, pois eu tinha deixado meu café da manhã lá embaixo e com o susto eu não comi. Oh céus! O que está acontecendo? Quem é esse jovem? Ele não parece muito bem. Porque estou aqui ao invés de estar lá ajudando ele? Em minutos resolvi descer as escadas, já pronta para acordar ele e perguntar o que fazia na porta da minha casa.  Cheguei à porta aspirando e expirando com medo de abrir.  
Deparei-me apenas com a garrafa de água vazia e o prato em que eu tinha colocado os bolos com farelos de bolo. Aonde ele foi? Franzi o cenho preocupada e desentendida pela situação embaraçosa. Mas, ele não quis nem agradecer o que fiz por ele. No pé da porta estava o cobertor dobrado. Passei o final de semana sozinha esperando ele aparecer de novo, mas nada.
A segunda-feira chegou chuvosa e aqui no Vale da Calina a chuva aparecia mais que o sol. Peguei meu casaco e saí. A escola ficava perto e eu sempre ia andando. Fiquei perdida em pensamentos no caminho com o rosto anuviado, não conseguia parar de matutar sobre o pobre rapaz. Para onde ele havia ido? Sei que estava com fome e senti que não foi á toa que ele veio até minha porta. Quando cheguei à escola encontrei Lucas, um velho amigo de infância.
       - Oi Lia? Tudo bem? – Ele perguntou percebendo meu desânimo.
- Estou bem Lucas. E você? – Perguntei.
- Eu vou muito bem, mas parece que você não. O que foi? –Procedeu.
Lucas me conhecia como ninguém. Ele era meu melhor amigo. Compartilhávamos muitas coisas juntos, nossas mães eram amigas e trabalhavam juntas nos eventos.
- Aconteceu algo muito estranho no sábado de manhã. – Eu disse, e dando pausa para uma respiração. – Quando abri a porta da sala vi um garoto deitado lá, todo encolhido e sujo.
- O que você fez? O que ele estava fazendo lá? – Perguntou.
- Não sei Lucas. Mas, como vi que estava sujo dei comida a ele e um cobertor. – Contei. - Ele estava dormindo e fiquei com pena de acordar. Sei lá de onde ele veio, mas acho que estava procurando abrigo.
- E você conseguiu falar com ele? – Disse, erguendo as sobrancelhas.
- Não. Quando deixei a comida lá voltei a fechar a porta. Minutos depois ele havia sumido. – Falei melosamente, tentando dar crédito para o que eu dizia.
- Tenha cuidado. Ele pode voltar.  – Ele disse, me olhando atentamente e passando a mão na minha cabeça. - Hoje te acompanharei em casa.
- Está bem. Obrigada.
Havia um olhar protetor de Lucas. Saímos abraçados para a aula de Português com a professora Celine. Ela já estava na sala quando entramos. E, não gostava de atrasos. Olhava-nos de soslaio. Ao término das aulas vi Giovanni surgiu na minha direção. Lucas quis me acompanhar como havia informado antes, mas seu amigo  havia o chamado para uma partida de futebol que ele mesmo havia prometido e esquecido. Eu disse que tudo bem, ligaria para ele se caso acontecesse alguma coisa. Lucas insistiu em me levar e, quando eu disse que “tudo bem” de novo ele desistiu, e foi para o ginásio. Lucas sumiu atrás de mim. Quando passei pelo portão totalmente distraída eu dei de cara com um rapaz. Não o vi ali, mas fez um estrondo os encontros dos corpos.
- Desculpa! – Eu disse, tirando os cabelos do rosto que chegaram ali pelo susto.
- Não se preocupe. Tudo bem com você? – Disse o estranho.
- Sim e com você? Perdoe-me eu não o vi aí. Sou muito distraída. – Sorri com o canto da boca, já olhando para ele e admirando seus grandes olhos azuis.
- Isso é normal. – Ele sorriu. - Na verdade eu vim até aqui porque queria agradecer você por ajudar o próximo. Pelo seu ato de caridade.
- Do que está falando? – Perguntei incrédula com as palavras que ele dizia.
- Minha doce menina - ele falou melosamente - eu vim por uma missão, mas errei o caminho e cheguei à sua casa por engano. Você me aqueceu do frio e me alimentou, agradeço muito.
- Então você é aquele... – Coloquei a mão na boca desacreditando nas palavras que ele proferia. Era ele! O garoto que estava na porta da minha casa. Como?
- Sou eu sim. Pensei que talvez pudesse vir aqui agradecê-la. Eu imaginei que você estudava em algum lugar aqui perto e procurei pela escola. – Ele disse. – Qual seu nome? – Perguntou.
- Pode me chamar de Lia. E você, como se chama?
- Pode me chamar de Anael.
Eu o olhei e percebi que não estava mais vestido com as roupas sujas. Usava agora outro jeans e um suéter branco. Seu sorriso era o mais sincero e venturoso. A mansidão da sua voz que provia uma melodia deixava meus ouvidos atentos e me dava vontade de dançar nas letras que ele proferia. Depois de pedir minha permissão Anael me acompanhou até em casa. Ele caminhava graciosamente e seus olhos ponderavam a estrada que seguíamos. Senti que devia confiar nele e que, sua ternura e carinho estavam me fazendo ter tranquilidade.
- Então? Que missão é essa? E que caminho você tinha que seguir? – Perguntei.
- Eu vim entregar uma mensagem para uma mulher. Mas, eu não a achei. Talvez você possa me ajudar, eu tive que ficar na porta de sua casa para saber se era lá que ela morava.  Tenho que falar com ela o mais rápido possível. Os dias passam e a mensagem pesa e minha missão fica mais difícil.
- Mas que tipo de mensagem é essa? Existe a tecnologia que ajuda muito, e também tem o correio. Você tem que entregar pessoalmente? – perguntei.
- Sim. É muito importante. Tenho que me certificar que ela vai receber.
- Mas você sabe o nome desta mulher? – Perguntei.
- Sim. Ela se chama Hortência Brandão.
- Sei quem é. – Dei risada. – A senhora Hortência mora ao lado da minha casa.
- O que você sabe sobre ela? – Anael perguntou com o cenho franzido.
- Porque você quer saber? Será que você é de confiança?  - Dessa vez não sorri. -Como saberei? – Concluí.
- Você tem que acreditar, porque eu sou confiável. Não sente isso? – Ele sorriu.  Eu realmente sentia. Mas, não sabia explicar. Mesmo o conhecendo há algumas horas. Meu coração estava manso a mercê do desconhecido sem medo nenhum.
- Ela é uma senhora já de idade. Mora sozinha há mais de 10 anos desde que seu marido faleceu. Ela quase nunca sai de casa.
- E porque ela não sai de casa? – Ele perguntou.
- Isso eu não sei. Deve estar de luto ainda. – Falei cautelosamente.
Eu o levei até a casa da senhora Hortência. Ela raramente recebia visitas de estranhos e como já me conhecia fui à frente para não assustá-la. Ela abriu a cortina com os olhos arregalados. Quando viu que era eu, abriu a porta.
- Pode entrar Lia querida. – Dizia ela, com a voz envelhecida e serena. - Tem notícia de sua mãe? – Ela perguntou indo sentar.
- Ela ainda está viajando senhora. Mas, eu vim aqui porque tem um rapaz muito simpático que gostaria de falar com a senhora. – Ela sorriu e isso era bom.
Anael entrou e a senhora Hortência o olhou timidamente. A velha senhora estava com um pouco de medo, mas quando Anael a abraçou ela sentiu-se um bebê sendo acolhido pelos braços da mãe. De repente começou a assobiar uma canção de ninar entre seus lábios, ainda abraçada á Anael. O garoto tirou do bolso uma carta e a senhora Hortência a abriu imediatamente.
Ela leu em silêncio e depois olhou para o garoto em sua frente. Seu sorriso se abria animadamente e parecia que ela estava tirando uma velha carga das costas. Uma semana depois a senhora Hortência já estava saindo com frequência de sua casa. Ela ia á igreja, visitava as suas antigas amigas e fazia as próprias compras no mercado perto do centro da cidade. O que Anael fez para libertá-la da escuridão eu não sei, mas agora ela vivia.
Em uma quarta-feira de sol a senhora Hortência passou em frente a minha casa muito alegre e não me contive para perguntar.
- Oi senhora Hortência? Como vai? – Perguntei.
- Muito bem querida e você? E como vai seu amigo? – Perguntou.
- Não o vi mais. – Disse tristemente. – Me diz uma coisa. Só por curiosidade, o que estava escrito naquela carta que a fez tão feliz? – Perguntei.
- Estava escrito uma única palavra querida. “Viva”. – Ela disse, deixando a palavra no ar. - Foi uma mensagem dos céus. Quando meu marido faleceu me culpei porque achei não ter cuidado dele direito. E, resolvi viver na escuridão para pagar pelo que fiz. Quando Anael apareceu entendi tudo. Compreendi que simplesmente era hora do meu velho ir. – Ela disse com verdadeiramente.
- Como assim mensagem dos céus? – Perguntei curiosa.
- Um mensageiro de Deus. – Ela sorriu e depois, seguiu seu caminho.
A senhora Hortência me deixou com aquelas últimas palavras na minha cabeça. Será que, Anael era um anjo? Fiquei me perguntando o tempo todo. Queria de qualquer jeito ter certeza disso. Se as pessoas acreditavam nessa criaturinha angelical, eu também poderia acreditar. Porque não? Anael apareceu em forma humana. Mas era bonito demais. E, quando falava parecia estar cantando.
O sol estava se pondo e o céu estava num tom alaranjado com rosa. As nuvens estavam brancas como a neve e enfileiradas lá em cima. Não havia vento nenhum. Então, sentada na porta da sala eu fechei os olhos. Não sabia exatamente o que pediria, mas fiquei em silêncio. Em pensamento eu pedi um sinal de Anael.
Se ele realmente fosse anjo eu tinha que saber, pois meu coração não poderia se apaixonar por um ser de outra dimensão. Anael me dê um sinal. Eu disse. E repeti várias vezes. Um vento então começou a soprar contra meu rosto e eu ainda permaneci de olhos fechados. Senti o vento me gelar e de repente senti algo encostar-se ao meu braço. Ao abrir os olhos uma pena estava em cima do meu braço. Eu não consegui conter a felicidade que eu senti naquele momento. De onde veio a pena? Será que era o sinal? Ela não parecia ser de um pássaro. Acho que tinha uns 10 cm e era branca demais. Eu sorri. Olhei para o céu para agradecer a Anael.
Não sei se era minha imaginação, mas vi a forma de um anjo lá em cima. Partes das nuvens formavam as asas e o restante o corpo em forma humana. Senti amor, paz, alegria e entusiasmo naquele momento. Um anjo em minha porta, quem acreditaria? Mas, não importava, pois eu acreditava. Tive a oportunidade de ver um anjo e senti sua presença. Dias depois eu comecei a escrever em meu diário. De noite, distraída alguém bateu em minha porta. Corri para abrir.
- Não posso impedir que você me esqueça mas digo que há impossibilidades neste mundo. – Ele disse, passando suas mãos macias em meus cabelos.
Eu me deliciei com aquele momento. Quem diria um celestial aqui na minha humilde residência? Apeguei-me àquele instante mais do que tudo o que eu já amava em minha vida. Ouvi de repente uma canção de ninar que já conhecia e nos braços do anjo fechei os olhos. Então, ouvi uma voz melosa e serena entrando em meus ouvidos me fazendo sentir que o sono a qualquer momento me derrubaria. “Durma com os anjos” e foi essa a frase que Anael disse antes de partir. Talvez para mais uma missão, depois daquele dia, eu não o vi mais. Entretanto, ainda, em minutos de tristeza e pensamentos deixados no ar com perguntas sem respostas, sinto que ele se manifesta pela natureza querendo me ajudar a encontrar os caminhos certos.


Criado em: 24 – 09 – 2011 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Sentimento Inesquecível.




Meu medo era de um dia acordar e não poder desfrutar do lindo sol, da natureza a minha volta, das sensações incríveis que tem a vida a oferecer. E o mais importante, de nunca mais ver Brian. A minha fortaleza sempre fora ele e mais nada. Do que adianta ter tudo e não ter amor? Sendo que, sem ele, as pessoas não conhecem nada do que é relacionado a ele.
Brian sorria de um jeito que era só meu, me fazendo acreditar que ele sempre fora o centro da minha vida e mais nada e nem ninguém estava a sua frente. Eu me sentia realizada e não precisava escutar nenhuma palavra vinda da sua boca para ter certeza que ele me amava muito. Seu olhar o entregava, transmitia a multidão de sentimentos que viviam enjaulados em seu interior. Até me ver, e despejar tudo em cima de mim, fazendo-me prisioneira dos seus lábios e seus abraços calorosos e eternos.
- Você sabe que é a única. – Ele disse. – E que ninguém apagará esse amor que existe entre nós. – Ele pegou em meu queixo e o ergueu. – Sabe disso, não sabe?
- Sei sim meu amor. Eu amo muito você.
Ficamos ali naquele eterno momento, olhando a lua de cima daquele nosso lugar. Gostávamos de ver a lua juntos. Falávamos de amor, de tudo o que um casal apaixonado nunca deixava de falar. Eu tinha a minha fé, acreditava muito no amor de Brian. Sentia que, nunca poderia e jamais me separar dele, pois o mundo não teria nenhum sentido para mim. Pois, Brian era meu mundo.
- Talita? – Ele me chamou, surpreendendo-me.
- Oi? – Eu olhei para seus grandes olhos verdes claros esperando ele falar.
- Se um dia algo acontecer, você ainda vai me amar? – Perguntou, erguendo as sobrancelhas esperando a minha resposta.
- O que pode acontecer Brian? – Perguntei incrédula em resposta a sua pergunta. Mas, senti arrepios e medo dentro mim.
- Se um dia eu morrer você promete não chorar? – Perguntou.
- Vamos morrer juntos, seu bobo! Lembra que combinamos? – Eu disse.
Brian se encostou a meu ombro e ficou quieto, pensando. Eu daria tudo para saber o que ele estava pensando. Senti algo doer dentro de mim desesperadamente. Então, me enlacei a ele.
- Você não esta pensando em me deixar, está? – perguntei.       
- Não. Jamais. – Ele disse.
Brian se aquietou em meus ombros novamente. Ali, falamos o que faríamos no dia seguinte.

O dia seguinte nasceu com o sol pairando lá em cima. Da janela do meu quarto eu vi Brian com sua moto lá embaixo me esperando com um belo sorriso. Arrumei-me super-rápido, não gostava de perder tempo com mais nada a não ser ficar com ele, somente com ele. Coloquei o perfume que ele me dera em meu aniversário e desci as escadas. Fui direto para a porta de entrada e sai, correndo para os braços do meu Brian.
O abracei muito forte. O olhei e senti que, algo estava porvir e que não nos veríamos mais, que ridículo! Isso não ia acontecer. Deixei essa ideia taciturna de lado e lhe dei um beijo.
- Eu te amo. – Ele disse. Então sussurrei a mesma frase em seu ouvido.
- Eu te amo.
Brian me apertou em seus braços tão forte que quase fiquei sem ar.
- Aonde vamos? – Perguntei.
- Em lugar muito especial.
Subi na moto e Brian deu partida. Eu estava tão feliz naquele momento que poderia gritar aos quatro ventos que poderia morrer naquele instante, que morreria feliz. Brian virou a esquina e para minha surpresa um caminhão muito grande nos pegou, voamos com a moto até eu sentir a escuridão quase me alcançar. E alcançou.

Acordei assustada e minha cabeça doía muito. Vi minha mãe e meu pai ao meu lado.
- Brian! – Eu disse gritando.
- Calma filha, você está ferida.
- Cadê ele mãe! Pelo amor de Deus, diz que está tudo bem! Diz! – Eu gritei.
- Está sim filha. Ele esta bem. – Ela disse com a voz entrecortada.
- Quero ver ele, por favor! – Eu disse já tentando levantar.
- Fique aí mocinha. – Disse meu pai, que estava do outro lado da cama em que eu estava deitada.
- Pai! – Eu disse chorando. – Por favor, me diga que ele está bem. Estou sentindo muita dor aqui. – Eu coloquei a mão do lado esquerdo do peito. – Você não vai mentir para mim, vai?
- Filha. – Ele disse cautelosamente. E, olhava para minha mãe de soslaio num suspiro profundo e silencioso voltando imediatamente os olhos para mim, lamentando o que ia dizer. – Ele se foi.
- Não! – Eu disse. – Não, não e não! É mentira! Quero ver ele, você está mentindo, é feio mentir sabe? Não minta para mim.
Naquele momento eu chorei até não querer mais. Meu corpo queria morrer e minha vida agora estava nas mãos de Deus. Eu só queria ficar com Brian.
- Brian! – Eu gritei e chorando eu continuei a falar. - Queria te encontrar, te ver novamente meu amor. Ai! Como dói isso, você não faz ideia. Não queria levar a sério quando você disse que se um dia morresse era para eu não chorar. – Fiz um momento de despejo das lágrimas que meu coração mandava. – Brian! Não! Não! Como vou viver agora? Não! Brian!
Não sei por quanto tempo eu chorei. Mas, sei que tempos depois eu caí em sono profundo. A dor no meu peito estava forte demais para eu esquecer. Quando abri os olhos vi meu pai ao meu lado. Quando tentei olhar para ele meus olhos se negavam a encará-lo, eu tinha medo de ouvir tudo àquilo de novo. Mas, vendo a mesma cena de ontem, eu cai em desespero novamente.
- Porque pai. Por quê? Eu o amava tanto, porque o tiraram de mim? Porque pai? – Eu soluçava. A dor de amor era a pior do mundo.
- Filha. Não podemos nos culpar pelos acontecimentos, talvez fosse a hora dele.
- Mas eu disse que eu ia morrer junto com ele e ia ser lá na velhice. – Eu soluçava. Jamais queria acreditar que Brian havia me deixado. Jamais.
Não compareci ao enterro, se eu fosse não aguentaria. Todos compreenderam.
Os dias foram se passando, e cada vez era mais difícil. Eu via o rosto dele no rosto dos homens que acompanhavam as suas amadas. Eu o via em todos os lugares que costumávamos ir juntos. Foi muito torturante no começo. Eu não deixava de chorar um dia sequer e até fiz consultas com psicólogos. Era bom desabafar, mas ninguém conseguiria apagar o que eu vivera com Brian e nem o amor que eu ainda sentia por ele e grande falta que ele me fazia.
O que me deixava mais desesperada é que jamais ele voltaria para mim.

Lágrimas insistiam em cair, voando pelo meu rosto cansado e indo parar na boca, me fazendo sentir a dor tremenda e o gosto salgado das lágrimas. Minha alma ferida não sabe o que fazer diante da dor agoniante da falta que Brian me faz. Choro e sofro. Como lidar com essa dor? Não fiz nenhum treinamento para isso.
Só consigo me lembrar dos momentos lindos com dedicação. Fico imaginando como seria nosso casamento, nossa casa, nossos filhos! Ah! Seriam tão lindos. Brian tinha os olhos verdes e os meus são cor de mel, seria uma mistura e tanto. Será sempre uma agonia infinita a ausência dele, mas, sei que onde quer que ele esteja agora, ele me quer bem e feliz. Lembrei também que, ele me pediu que não chorasse.
Ah! Como te amei meu Brian. Ainda te amo tanto! Esse amor não irá morrer nunca e ficará um vazio aqui dentro. Um dia nos encontraremos. Ainda escuto ele dizer que me ama.

- Eu nunca deixarei de te amar.