segunda-feira, 13 de abril de 2015

Um sonho que tive





Eu estava na frente de um shopping, ao lado de um sobrado. Meus olhos se distraíram na entrada, vendo as pessoas entrando e saindo do shopping. Foi quando vi uma figura que muito que agradou os meus sentidos, antes dos meu olhos. E eu mal acreditava que era quem eu pensava ser. Seus passos eram apressados e eu tive que pensar antes que ele sumisse de vez na multidão.

-   Pssssssssiu, eiê!!! - Eu o chamei sem saber o que estava fazendo ao certo.

Ele olhou e eu pude ver sua barba por fazer, marcando seu rosto de homem, foi aí que tive certeza de quem era ele. Sua expressão estava distraída, até o momento em que seus olhos se encontraram com os meus, e ele mudou sua fisionomia, para algo mais agradável. Muito surpreso e suave ao mesmo tempo, o cenho franzido para saber logo de mim.

O chamei para entrar no sobrado então, e eu sentia que o lugar me era familiar e não recordo muito bem. Meu coração havia acelerado com sua presença. Eu nunca o imaginei tão perto, tanto que foi o meu estranhamento ao vê-lo tão apressado passando por mim, e graças a Deus pude reconhecê-lo. Era ele mesmo!!!

Falei alguma coisas, e ele disse outras. Mas também, ressaltou alguma incerteza, como se não tivesse mais certeza de mim. Como se tivesse perdido as esperanças para comigo em qualquer lugar do infinito, onde eu, sem saber, fiz seu coração doer ao longe de tudo. Em que parte eu não acompanhei seus olhos grandes quando eles sofreram? Não lembro.

Olhei em seus olhos e imprimi da forma mais espontânea possível o que eu ainda sentia por ele. Mesmo nunca o ter tocado antes. Nos olhamos por alguns minutos. Seu rosto trazia um cansaço forte da rotina; uma mistura de "to cansado de dar crédito para quem não merece" e eu, logo compreendi que aquilo tudo merecia atenção. Encostei em seu ombro o confortando que eu o compreendia e que estava ali. Por sorte talvez. Porém, havia uma inquietação da parte dele como se eu soubesse o que era.

- Decida o que você quer. - Ele exclamou docemente, com ar de melancolia.
- Calma, vem cá. - Eu o chamei para mais perto de mim.

Ele foi ameaçando ir embora, depois de ter me abraçado fortemente, como se matasse uma saudade que não tinha sequer conhecimento da sua intensidade, até ser tocada. Seus olhos se misturaram no taciturno e eu, de todos as formas, quis colocá-lo em meus braços e o proteger do mundo que o sugava tanto, porque ele estava defensiva. Talvez não só por mim, mas pelo mundo lá fora.

-Vem cá. - Pedi mais uma vez, o cativando com minhas energia para convencê-lo que eu não o faria mal. - Vem.

Ele se aproximou de mim, mais uma vez, e dessa vez, sem pedir permissão veio em direção à minha boca. Olhou-a com sede e vontade, como se não houvesse outra saída para adquirir qualquer resposta que fugisse do seu coração, ou que eu não pudesse dar com apenas palavras naquele momento.

Foi então que, com seus lábios quase colados aos meus, ele deixou sair uma onomatopeia correspondente ao som de uma vontade já muito tempo cultivada, fechou os olhos numa faixa horizontal para que pudesse ainda me ver. Então ele disse:

- Você quer?

- Eu quero muito mais que isso.

Seus lábios continuaram sérios de encontro aos meus. Senti o corpo dele rígido se encostar em mim e seus lábios encontrar os meus; sua boca sabia mexer no tempo certo e eu correspondia perfeitamente as trocas de lado e o manejo com o corpo para se completar num só ato. Achei que estava levitando, eu não queria que acabasse. Pelo visto nem ele.
Senti sua vivacidade em me corresponder, e nessas trocas de beijos intensos eu me sentia nas nuvens, aquele momento foi uma poesia. A poesia que enfim esperamos escrever juntos.

Não sei quanto tempo durou, mas fomos interrompidos. Alguém de longe chamava meu nome. Eu o olhei como se pedisse licença com os lábios, e afastando-os dos meus, eu disse:

- Me espera aqui, eu quero muito.

A outra pessoa insistia em me chamar, querendo saber de mim. Perguntou a todos onde eu estava, se alguém tinha me visto recentemente, pois eu soube pela boca dos outros a pressa em se comunicar comigo. Pedi licença a ele com pressa, querendo voltar logo, e fui ver o que o outro queria. Chegando lá ele só queria avisar que estava saindo. Eu disse tchau e disse até.

Voltei ao local que possivelmente o encontraria, mas foi tarde, muito tarde, eu achei que não havia demorado nenhum segundo a mais do que o normal. Ele já havia partido para minha tristeza, e tão depressa quanto chegou.


Meu coração sentiu saudade, ele queria sentir mais. Foi então que eu senti a atmosfera mudar, e eu acordei. 

Era um sonho, ou um desdobramento no mundo espiritual?

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Quando desejei desencarnar





De onde veio àquela voz? Eu não sabia; não tinha medo, nem sequer queria saber sua natureza. Eu só escutava e mais nada. Influência má gera escolha equivocada e eu sei bem disso. Sabe como? Vou contar.

Nada parecia bom. Eu estava num vazio. Mesmo sabendo que um vazio não é vazio, é preenchido por um tipo de vazio, semelhante a outros. Eu não via alegria em meus dias, eu não conseguia sorrir. O estresse tomou conta de mim. Quis sumir do mundo e pela primeira vez eu quis morrer.

- Te mata que é mais fácil! – A voz adentrou minha mente então.

Eu compreendia que o espírito em evolução só tende a melhorar se souber sentir a dor, sem sofrer mais do que o normal, que a vida é um processo. Sabia mais, que após o desencarne eu iria continuar vivendo, ir para meu umbral. Mas para desejar isso, seria eu a minha própria obsessora? Já pensei tantas vezes isso. Até que me veio à mente que seria um acúmulo de coisas mal resolvidas, um acervo de muita ação feita do jeito errado, o que só atrairia espíritos com a mesma vibração. A lei de causa e efeito não é falha, o que falha sou eu, um ser humano errante. Teria que me perdoar setenta vezes sete.

Então, havia um tempo que eu queria e desejava desencarnar, na hora eu não pensava no que ia ver depois do meu desencarne. Cheguei a escrever uma carta de despedida, toda elaborada, cheia de floração pelas paredes das palavras, para que as pessoas soubessem que eu era feliz. Que aquela garota cheia de vida, conselheira de muitos e sempre sorridente queria deixar esse registro, escondendo de verdade a dor  real que tinha dentro dela, e que ela não deixava isso ser transparente. Eu sempre fui um enigma.

Mas não percebia que, ao planejar algo sem saber como executar, estava registrando toda aquela mágoa, angústia e desânimo em meu perispito, e que mais tarde isso me seria cobrado. Quando uma pessoa esta agindo da mesma forma que pensa é mais difícil fazê-la mudar de ideia, já que o erro vai ser cometido com vontade. Agredindo a mim mesma sem perceber e deixando certas sequelas. E por que é tão fácil viver sob a influência negativa? Porque o “país” não motiva? Por que os brasileiros são materialistas e imediatistas e não entendem que esse país é a pátria do evangelho? Por que as pessoas que aqui moram não conseguem  alfabetizar seu próprio espírito? Isso dói, pior que um cego que não vê.

Então vem o desânimo, cheia de desventura segundo o meu humor. Eu queria me jogar em qualquer canto e ficar lá. Poderia ficar olhando a parede por horas, só para não ter que pensar em nada. Eu cheguei ao cansaço físico extremo, desenvolvi dores musculares que eu nunca tive antes; sem contar as tonturas, pressão sempre baixa, enjoos e falta de apetite. Pensei eu que estava com alguma doença, já que tinha sonhado que eu estava com câncer, vendo meu próprio corpo doente, magro e pálido, meu rosto esbranquiçado e foi então que eu decidi que morreria de câncer.

- Você está morrendo.

Aquela voz parecia que tinha prazer em me ver desfalecer. Emagreci. Jurando que o efeito da doença estava começando. E quando penteava meus cabelos eu via cabelos caírem mais do que o normal. Eu comecei a puxar meus cabelos para ter certeza que eles não sairiam do lugar. Testava a situação, me imaginava sem cabelo, usando lenço, toda feliz sabendo que ia morrer. Não sei como consegui fazer isso. E contei a um amigo, a única coisa que ele disse, foi: “força mulher!”. E mesmo assim aquilo não me tocou o coração, eu só falei normalmente sobre a minha vontade de desencarnar.

O tempo foi passando. A faculdade me desanimava. Meu trabalho me estressava. Em casa eu tinha a minha paz no meu canto, sozinha. Sentia-me mal. Eu estava me jogando à morte do corpo, pois acreditava que meu espírito estaria livre. Mas para onde ele iria?  Que eu saiba não se pode interferir na vida já que Deus é bom e justo, e nos dá a oportunidade de reencarnar para corrigir atos errantes de outra vida. Eu estava à beira do suicídio. Como contar essa vontade à minha família? Eles de fato me chamariam de louca porque eles só conhecem meu lado forte, aquele que eu mostro com frequência. Mil coisas passaram em minha cabeça. E comentei com outro amigo, que ficou aterrorizado e não quis mais falar no assunto, disse que era princípio de depressão. E eu falei que não sabia o que era depressão, rejeitava essa hipótese. Mas, agora faço terapia porque decidi que necessito de ajuda para me entender de vez.

Sei que há influências espirituais, sei que somos mais influenciados do que imaginamos. E percebi que eu estava sendo. Essa vontade louca de voltar ao mundo espiritual não era desejo meu. Eu que sempre fui cheia de vontade de viver, sempre falando para quem quisesse escutar que a vida tem propósitos, que as coisas só fazem sentido quando conseguimos manter a mente bem aberta para os acontecimentos da vida. E que tudo vale a pena quando a alma não é pequena, já dizia Fernando Pessoa.

Foi então que eu ouvi:

- Lembre-se do amor de Deus, você não estaria aqui se não fosse por alguma razão e nem sem a vontade Dele. E não esqueça dos ensinamentos que você já tem, isso já lhe serve.

E percebi que era somente uma dor fantasma. Não era eu que queria desencarnar. Descobri que sou empata ou sensitiva, que sou capaz de sentir o que outra pessoa sente, não preciso nem olhar. Descobri que posso sentir os encarnados e os desencarnados em seus menores ou maiores grãos de emoções; descobri que também posso bloquear isso, mesmo que me doa não poder ajudar, porque não posso abraçar o mundo. Cheguei à conclusão que havia um espírito perto de mim me fazendo acreditar que eu tinha que morrer. Mas não, eu despertei, chorei muito e pedi perdão a Deus por ter entrado na sintonia desse espírito sofredor e pedi também ajuda pra ele. Depois, essa vontade passou e eu não desejo mais desencarnar.

domingo, 5 de abril de 2015

Sentimentos não precisam de provas





Já me veio à mente o porquê eu não consigo escrever ou me expressar em sentido denotativo quando se trata de mim. As respostas parecem àqueles tipos de sinais, como: olhe dentro de você; sinta o processo que é sua vida; seja capaz de demonstrar o que sente... E tudo volta ao sentido conotativo.  Eu consigo fazer isso dentro de mim, na minha mente, mas na hora de declarar tudo isso eu só consigo expressar no gênero poesias, por metáforas, o que sai de mim. Se isso pode me prejudicar? Talvez, mas eu não deixo, pois isso não interfere na Universidade, já que lá o intelectual é um assunto que não dá ênfase aos meus sentimentos. Então eu penso, sentimentos precisam de provas? Se é eu que estou sentindo, porque devo dar satisfação a alguém do que está em um lugar que ninguém tem acesso, a não ser eu? É obvio que isso tem uma razão, visto que outras pessoas são melhores nisso do que eu, deve por isso que elas também existem.

Quantas vezes você já tentou dizer o que sentia mais não conseguiu? Não era medo de dizer, talvez não fosse hora, ou melhor, sem uma organização coerente das palavras, sintaticamente, ninguém entenderia. Tento de várias formas me expressar, mas há uma porção de muros ainda instalados no quintal da minha residência espiritual. Se eu tivesse como manter isso a fio, mas não mando no que sinto, ele simplesmente é reflexo daquilo que já está acontecendo. Isso porque quando tiro tempo para fazer estudo de caso de mim, algumas portas ainda estão fechadas, e logo entendo que não é o momento, por isso não insisto. Não porque não posso saber, mas porque não tenho entendimento o suficiente para processar tais informações que ainda não vou ser capaz de compreender.

Um amigo disse que sou enigmática. Isso me faz pensar que, se sou assim mesmo, deve ser por isso que ninguém conseguiu me ler de verdade. Pois tudo é possível sair de mim.

Chove nesse instante em minha cidade, um fenômeno, eu que queria estar chovendo no lugar da chuva, mas acho que essa parte resfriou-se tanto que chegou a congelar. O que é a vida senão uma série de acontecimentos não explanados? É como se ninguém prestasse a real atenção à câmera lenta dos nossos sentidos sendo expressados enquanto cada movimento é realizado. Bem interessante se pudéssemos nos ver em câmera lenta às 24h do dia. Quem sabe as pessoas errariam menos, e pudessem enxergar as falhas por si mesmas.

Sinto agora o gosto do café que se esconde na minha xícara bordô. Escuto a música instrumental que se coloca a adormecer os meus ouvidos. Sinto minha alma molhada por dentro, talvez transbordando nesse momento, por eu não conseguir enxergar a saída. Talvez ainda não seja a hora. O cheiro do sol se levanta perto do meu campo olfativo e eu sua luz chegar um pouco mais perto.

Ocupo-me em terminar minha resenha crítica da disciplina Morfologia, em partes; ora escrevo aqui e ora volto ao meu trabalho, se trata de um afixo da língua portuguesa que tenho que explicar como funciona: o sufixo –ista e, criar contra argumentos para validar meus argumentos anteriores, nos primeiros parágrafos. É divertida a gramática nesse quesito.

O piano toca de fundo através do blog que estou prestes a colocar este texto, seria mais um? Talvez, e quem sabe só vai ter significado depois que eu ler de novo. Quem sabe me ajude a entender porque estou com enxaqueca, pois o café me ajuda a refletir e não me dá freios nos dedos pra eu parar de escrever, ele alimenta meu cognitivo.

 A chuva engrossa cada vez mais, é lindo! Muito lindo! Se eu pudesse sairia agora e tomaria um banho, mas estou com a imunidade baixa, sem ao menos ter a oportunidade de chegar à porta, pois os espirros entrem em fila indiana para enfim se libertarem. Bom, minha enxaqueca deve ser disso. Depois passa enquanto me mantenho escrevendo.
Quem sabe amanhã tudo volte a ser como era antes, e eu acorde uma garotinha cheia de sonhos, sem a responsabilidade da vida adulta, com os mesmos desejos: ser mãe ou professora. Esses eram meus sonhos quando menina. Eu vivia escrevendo em meu quadro negro, meu pai trazia giz colorido, e eu dava aula aos meus primos mais novos, ensinava a eles o alfabeto e os números. Nem imaginava que isso iria repercutir em minha história. A vontade era tanta de me desenvolver na escrita, que nunca gostei de brincar de boneca, a minha maior alegria era ganhar cadernos e canetas coloridas. Mas, se ganhasse uma boneca, eu sorria e logo a deixava de enfeite na minha cama. Bons tempos.

A saudade vem pelas ruelas dos sonhos antigos, quando trazidos à tona, se tornam tão vivos quanto naqueles momentos originais sentidos. Porém, com elementos de maturidade já bem desenvolvido. Tudo na vida passa. Aprendi isso.

Mas e meus medos? Dizem que quem tem medo é quem não tem muita fé. Eu discordo! Tenho muito fé, só que a minha fé é raciocinada, pra mim não existe só ter fé sem a razão. A razão faz tanto parte da minha vida quanto a fé. Não sei viver sem os dois. Só que além de tudo isso eu sou realista. Deus me deu um dom, e não costumo mostra a ninguém, não acho correto. Uso para tentar decifrar tudo o que acontece comigo, ao meu redor ou com as pessoas que estão perto de mim. Um dom de Deus não é questão de prêmio e sim de provação. Como se Ele estivesse dizendo: “Vamos ver o que você pode fazer com o dom que eu lhe confio”, é maios ou menos por aí.

E o mundo espiritual? Ah, com certeza acredito muito. Desde de menina eu sempre tive muito contato com o divino, Deus sempre me mostrou que eu poderia sentir mais, saber mais, à medida que procurasse respostas. Tenho uma sensibilidade anormal, para os olhos de muitas pessoas, mas com certa dificuldade de falar disso, já que o ceticismo e o imediatismo fazem parte do pensamento da grande maioria das pessoas deste mundo atual. Então, não perco tanto tempo explicando o que sinto, e sim investigando onde estão as respostas que necessito. Isso vai desde a fé à razão. Só digo para quem interessa, como forma de aprendizado.

Eu viajo muito em minhas indagações. À medida que vou lendo e estudando, acabo vendo pontos que parece coisa da minha cabeça, porque ninguém mais vê. Vejo o lado sensível, o lado da alma, o lado que, quem tem uma vida muito mecanizada não veria. Não basta ler tudo o que as pessoas escrevem; desde um simples blogueiro até um escritor canônico. Tudo tem que ser questionado.

Agora chove fino e com o sol instalado pelos cantos do dia. O piano ainda toca, o café já está fazendo efeito, são 16h15h de uma tarde agradável, outonal, de abril. E eu, ainda insisto em dizer que, sentimentos não precisam de provas, já que ser serve para sentir por dentro e não por fora.


Mais uma xícara de café, sumiu minha enxaqueca, era só mais um expurgo necessitando sair. De volta ao trabalho de gramática!