Já me veio à mente o porquê eu não consigo escrever ou me
expressar em sentido denotativo quando se trata de mim. As respostas parecem àqueles
tipos de sinais, como: olhe dentro de você; sinta o processo que é sua vida; seja
capaz de demonstrar o que sente... E tudo volta ao sentido conotativo. Eu consigo fazer isso dentro de mim, na minha
mente, mas na hora de declarar tudo isso eu só consigo expressar no gênero
poesias, por metáforas, o que sai de mim. Se isso pode me prejudicar? Talvez, mas
eu não deixo, pois isso não interfere na Universidade, já que lá o intelectual
é um assunto que não dá ênfase aos meus sentimentos. Então eu penso,
sentimentos precisam de provas? Se é eu que estou sentindo, porque devo dar satisfação a alguém do
que está em um lugar que ninguém tem acesso, a não ser eu? É obvio que isso tem
uma razão, visto que outras pessoas são melhores nisso do que eu, deve por isso que elas também existem.
Quantas vezes você já tentou dizer o que sentia mais não conseguiu?
Não era medo de dizer, talvez não fosse hora, ou melhor, sem uma organização coerente das palavras, sintaticamente, ninguém entenderia. Tento de várias formas me
expressar, mas há uma porção de muros ainda instalados no quintal da minha
residência espiritual. Se eu tivesse como manter isso a fio, mas não mando no
que sinto, ele simplesmente é reflexo daquilo que já está acontecendo. Isso
porque quando tiro tempo para fazer estudo de caso de mim, algumas portas ainda estão fechadas, e logo entendo que não é o momento, por isso não insisto. Não porque não posso
saber, mas porque não tenho entendimento o suficiente para processar tais
informações que ainda não vou ser capaz de compreender.
Um amigo disse que sou enigmática. Isso me faz pensar que, se sou assim mesmo, deve ser por isso que ninguém conseguiu me ler de verdade. Pois tudo é possível sair de mim.
Chove nesse instante em minha cidade, um fenômeno, eu que
queria estar chovendo no lugar da chuva, mas acho que essa parte resfriou-se
tanto que chegou a congelar. O que é a vida senão uma série de acontecimentos
não explanados? É como se ninguém prestasse a real atenção à câmera lenta dos
nossos sentidos sendo expressados enquanto cada movimento é realizado. Bem
interessante se pudéssemos nos ver em câmera lenta às 24h do dia. Quem sabe as
pessoas errariam menos, e pudessem enxergar as falhas por si mesmas.
Sinto agora o gosto do café que se esconde na minha xícara
bordô. Escuto a música instrumental que se coloca a adormecer os meus ouvidos.
Sinto minha alma molhada por dentro, talvez transbordando nesse momento, por eu
não conseguir enxergar a saída. Talvez ainda não seja a hora. O cheiro do sol
se levanta perto do meu campo olfativo e eu sua luz chegar um pouco mais perto.
Ocupo-me em terminar minha resenha crítica da disciplina Morfologia,
em partes; ora escrevo aqui e ora volto ao meu trabalho, se trata de um afixo
da língua portuguesa que tenho que explicar como funciona: o sufixo –ista e,
criar contra argumentos para validar meus argumentos anteriores, nos primeiros parágrafos.
É divertida a gramática nesse quesito.
O piano toca de fundo através do blog que estou prestes a
colocar este texto, seria mais um? Talvez, e quem sabe só vai ter significado
depois que eu ler de novo. Quem sabe me ajude a entender porque estou com
enxaqueca, pois o café me ajuda a refletir e não me dá freios nos dedos pra eu
parar de escrever, ele alimenta meu cognitivo.
A chuva engrossa cada
vez mais, é lindo! Muito lindo! Se eu pudesse sairia agora e tomaria um banho,
mas estou com a imunidade baixa, sem ao menos ter a oportunidade de chegar à
porta, pois os espirros entrem em fila indiana para enfim se libertarem. Bom,
minha enxaqueca deve ser disso. Depois passa enquanto me mantenho escrevendo.
Quem sabe amanhã tudo volte a ser como era antes, e eu acorde
uma garotinha cheia de sonhos, sem a responsabilidade da vida adulta, com os
mesmos desejos: ser mãe ou professora. Esses eram meus sonhos quando menina. Eu
vivia escrevendo em meu quadro negro, meu pai trazia giz colorido, e eu dava
aula aos meus primos mais novos, ensinava a eles o alfabeto e os números. Nem
imaginava que isso iria repercutir em minha história. A vontade era tanta de me
desenvolver na escrita, que nunca gostei de brincar de boneca, a minha maior
alegria era ganhar cadernos e canetas coloridas. Mas, se ganhasse uma boneca,
eu sorria e logo a deixava de enfeite na minha cama. Bons tempos.
A saudade vem pelas ruelas dos sonhos antigos, quando
trazidos à tona, se tornam tão vivos quanto naqueles momentos originais sentidos.
Porém, com elementos de maturidade já bem desenvolvido. Tudo na vida passa.
Aprendi isso.
Mas e meus medos? Dizem que quem tem medo é quem não tem muita
fé. Eu discordo! Tenho muito fé, só que a minha fé é raciocinada, pra mim não
existe só ter fé sem a razão. A razão faz tanto parte da minha vida quanto a
fé. Não sei viver sem os dois. Só que além de tudo isso eu sou realista. Deus
me deu um dom, e não costumo mostra a ninguém, não acho correto. Uso para
tentar decifrar tudo o que acontece comigo, ao meu redor ou com as pessoas que
estão perto de mim. Um dom de Deus não é questão de prêmio e sim de provação.
Como se Ele estivesse dizendo: “Vamos ver o que você pode fazer com o dom que
eu lhe confio”, é maios ou menos por aí.
E o mundo espiritual? Ah, com certeza acredito muito. Desde
de menina eu sempre tive muito contato com o divino, Deus sempre me mostrou que
eu poderia sentir mais, saber mais, à medida que procurasse respostas. Tenho
uma sensibilidade anormal, para os olhos de muitas pessoas, mas com certa
dificuldade de falar disso, já que o ceticismo e o imediatismo fazem parte do
pensamento da grande maioria das pessoas deste mundo atual. Então, não perco
tanto tempo explicando o que sinto, e sim investigando onde estão as respostas
que necessito. Isso vai desde a fé à razão. Só digo para quem interessa, como
forma de aprendizado.
Eu viajo muito em minhas indagações. À medida que vou lendo e
estudando, acabo vendo pontos que parece coisa da minha cabeça, porque ninguém
mais vê. Vejo o lado sensível, o lado da alma, o lado que, quem tem uma vida
muito mecanizada não veria. Não basta ler tudo o que as pessoas escrevem; desde
um simples blogueiro até um escritor canônico. Tudo tem que ser questionado.
Agora chove fino e com o sol instalado pelos cantos do dia. O
piano ainda toca, o café já está fazendo efeito, são 16h15h de uma tarde
agradável, outonal, de abril. E eu, ainda insisto em dizer que, sentimentos não
precisam de provas, já que ser serve para sentir por dentro e não por fora.
Mais uma xícara de café, sumiu minha enxaqueca, era só mais um expurgo necessitando sair. De volta ao trabalho de gramática!