terça-feira, 28 de outubro de 2014

A noite





Eu não via a noite como uma simples noite. Não! Eu a via com meus sentidos; os cheiros da sua correnteza de ar edificante em meus pulmões, a certeza da beleza naturezal que enfeitava as pareces dos meus olhos grandes. E como não amar a noite? Ela me dá tantas inspirações, por vezes, só para meu conhecimento. Só para que eu a sinta dentro de mim.
As noites foram feitas para os poetas e o dia para o restante da população. Os poetas, depois de sua rotina, se esticam na noite depois de um banho bem gostoso, pega sua xícara de café e vai respirar a noite. Assim que respira, enchendo-se do desejo de poetar, pega seu caderno e seu lápis e começa a florear as palavras metafóricas, expulsando o que há de novo em seu coração. Vira o pescoço para a esquerda em sinal de estar pensando na melhor frase para formar um texto perfeito.
E a noite só começa. O poeta beberica mais um pouco do café. Narra a noite no espaço que cabe desenhar a natureza, justamente pelo filtro dos seus sentidos. Aquela imensidão preta começa a mexer com sua imaginação. Cria-se até personagens, belezas, sentimentos, ações não vistas em seu cotidiano. O seu dia é tão limitado e somado por algumas pessoas tão banais, que quando chega a hora de escrever ele estica o sorriso mais doce, e seu coração se alegra imensamente por ter a oportunidade de imaginar o que quiser.
A cena continua a passar. O poeta descreve com palavras simples o que vê, ouve e sente a cada segundo que se modifica pelo tempo que passa. O amor cresce maravilhosamente dentro do seu peito e nada mais importa. O telefone toca, mas ele não quer perder aquele momento. Pois a paisagem está tão bonita e não se sabe se terá mais dessas para ser descritas. Dá até para ouvir a respiração do vizinho, que quieto, se ocupa com algo que passa na TV.
O coração do poeta transborda e um pensamento flui: Oh noite maravilhosa! E que vontade de chorar eu sinto pelo simples fato de poder te enxergar tão bem! Meus olhos marejados sorriem para o mar e, se devoram na imensidão negra que carrega o céu, me embebedo com muitos goles desse sabor tão raro. Ah se os outros pudessem sentir o que sinto, não iriam mais querer outra coisa.
É uma divulgação de emoções pelas ondas sonoras do seu cantar, impelido a jorrar certezas efêmeras, e mais nada do que vier é interessante. Além disso, as curvas da noite se empolgam com o colorido que sair dos dedos do poeta, quando ele, respeitosamente, enfeita-a com se fosse a única maravilha do mundo.
Mais uma vírgula, um adjetivo encantando, um substantivo inteligente, sujeito naturezal, verbo amorizado e complemento floreado, dois pontos e mais um adjetivo. Finaliza o poema.


Nenhum comentário:

Postar um comentário