Eu não via a noite como uma
simples noite. Não! Eu a via com meus sentidos; os cheiros da sua correnteza de
ar edificante em meus pulmões, a certeza da beleza naturezal que enfeitava as
pareces dos meus olhos grandes. E como não amar a noite? Ela me dá tantas
inspirações, por vezes, só para meu conhecimento. Só para que eu a sinta dentro
de mim.
As noites foram feitas para os
poetas e o dia para o restante da população. Os poetas, depois de sua rotina,
se esticam na noite depois de um banho bem gostoso, pega sua xícara de café e
vai respirar a noite. Assim que respira, enchendo-se do desejo de poetar, pega
seu caderno e seu lápis e começa a florear as palavras metafóricas, expulsando
o que há de novo em seu coração. Vira o pescoço para a esquerda em sinal de
estar pensando na melhor frase para formar um texto perfeito.
E a noite só começa. O poeta
beberica mais um pouco do café. Narra a noite no espaço que cabe desenhar a
natureza, justamente pelo filtro dos seus sentidos. Aquela imensidão preta
começa a mexer com sua imaginação. Cria-se até personagens, belezas,
sentimentos, ações não vistas em seu cotidiano. O seu dia é tão limitado e
somado por algumas pessoas tão banais, que quando chega a hora de escrever ele
estica o sorriso mais doce, e seu coração se alegra imensamente por ter a
oportunidade de imaginar o que quiser.
A cena continua a passar. O poeta
descreve com palavras simples o que vê, ouve e sente a cada segundo que se
modifica pelo tempo que passa. O amor cresce maravilhosamente dentro do seu
peito e nada mais importa. O telefone toca, mas ele não quer perder aquele
momento. Pois a paisagem está tão bonita e não se sabe se terá mais dessas para
ser descritas. Dá até para ouvir a respiração do vizinho, que quieto, se ocupa
com algo que passa na TV.
O coração do poeta transborda e um
pensamento flui: Oh noite maravilhosa! E
que vontade de chorar eu sinto pelo simples fato de poder te enxergar tão bem!
Meus olhos marejados sorriem para o mar e, se devoram na imensidão negra que
carrega o céu, me embebedo com muitos goles desse sabor tão raro. Ah se os
outros pudessem sentir o que sinto, não iriam mais querer outra coisa.
É uma divulgação de emoções pelas
ondas sonoras do seu cantar, impelido a jorrar certezas efêmeras, e mais nada
do que vier é interessante. Além disso, as curvas da noite se empolgam com o
colorido que sair dos dedos do poeta, quando ele, respeitosamente, enfeita-a
com se fosse a única maravilha do mundo.
Mais uma vírgula, um adjetivo
encantando, um substantivo inteligente, sujeito naturezal, verbo amorizado e
complemento floreado, dois pontos e mais um adjetivo. Finaliza o poema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário