Eu via ao meu redor
um tipo de medo estagnado e amordaçado com o tempo, que se cumpria fielmente no
coração daqueles que acreditavam somente no presente, como forma de vê a vida.
Ninguém de fora é capaz de entender a imensidão de informações que há dentro,
ninguém. E quem ousa dizer que entende é um presunçoso, e muito ignorante em
relação à vida. Ou não quer ver a verdade, ou tem um medo absurdo de estar
errado.
Tudo o que há não faz
parte de nada, somente está e não é.
A chuva lá fora imita
um céu interno, desfalecido da esperança. Criou uma nebulosidade densa e
equável à cegueira, quase fazendo irradiar mais adjetivos do que o normal. Os
momentos são guardados em caixas de papelões, dos quais pela água da chuva são
retirados pelo fato de estarem molhados. E facilmente se encarregam de ficar
tão intangíveis quanto qualquer outro sentimento. Além disso, fogem para outro
recinto e, às vezes, se esquecem por lá.
Um dia alguém ousou
dizer:
- Vai abrigar-se
dentro das tuas portas fechadas e não saia mais de lá, não enquanto continuares
cego diante de tanta crueldade que veda teus olhos!
Um dia falaram com os
sentimentos de orgulho. Ele morre de medo de ser rebaixado, é tão tolo e
ridículo, que se sente grande e poderoso, mas é tão impotente, quanto uma folha
de uma árvore que cai e é facilmente levada pelo vento, logo ele a prende e a
leva para onde quer. Tanta energia gasta, tanta força em vão, para quê? Para
nada. De que serve tudo isso, senão para o não benefício próprio?
Tantas casinhas de
luzes são vistas com uma vasta onda de escuridão, que embora haja discussões, a
luz só se fortalece quando amansa o mal e o cultiva com carinho e atenção. Mas,
o mal sempre quer ser o primeiro em tudo, o melhor, é tão frio quanto o gelo.
Mais do que um vento enregelante toda vez que ele tenta impor suas regras
gigantescas e dolorosas. Porém, um sopro de amor é um mundo, e um mundo de amor
é pesado o suficiente para combater qualquer tipo de maldade. O amor sempre
teve mais força. Uma forma de conhecê-lo é saber perdoar, mas quem quer dar o
braço a torcer? Ninguém. Eis os caminhos mais difíceis então para aqueles que o
orgulho acompanha.
Muitas pessoas se
trancam por dentro por medo de ser quem elas querem; muitas vontades são
guardadas e criam teias de aranha de tanto tempo presas; muitas verdades não
são ditas por medo de perder algo ou alguém. E por que tanto medo? Para quê
tanta aflição interna? Se a maioria é tão pequena e sem valor, e há sempre
coisas bem piores que isso. O agradecimento pelas coisas já não basta? Seria uma
recarga de energia diária, e também evitando desperdiçar palavras sem
necessidade. E também, dar amor aos que precisam, sem julgar aos que merecem ou
não.
Ser bom para os
outros é mais difícil do que ser mal. Eis a questão de tanto orgulho. A lei da
destruição está sempre acontecendo, o mau uso dos instrumentos emprestados dá
nisso, destruição. É necessário então o processo de sofrimento, por vezes tão
insuportável, só por causa de um simples NÃO lá atrás. E também, por medo do
julgamento alheio.
Mas quem é você
mesmo? Você é só algo emprestado a esse lugar, e uma hora vai morrer. Que tipo
de herança moral quer deixar? Não pense que depois da morte você vai descansar,
claro que não! É só o começo. O que fará aqui, de bom ou ruim, será cobrado
depois, detalhadamente. E sabe quem vai julgar seus atos? Você mesmo! Porque
será tirada essa máscara que puseram em você, e verá seus eus em ação e vai
sentir vontade de mudar você. Você passou por provas, para tentar se desprender
mais do mundo material, para acordar no espiritual. Com o maior objetivo de
aperfeiçoar moralmente. E depois, quando você se vê como é de verdade, vai
passar a sua vida inteira diante dos seus olhos da alma, que verá com muita
clareza o que você foi enquanto estava encarnado. E sabe o que vai acontecer?
Ou o que você quer que aconteça? Bom, a escolha é sua. Todos colheremos aquilo
que deixamos plantados.
Antes de negar ajuda
a alguém, pense primeiro se você é merecer de ser chamado para ajudar. Pois se
sua energia não presta, se seu caráter é duvidoso, ou se sua mente, seu corpo,
e sua alma não sabem ser caridosos, esquece! Você não tem capacidade para
ajudar ninguém, a urgência será ser ajudado por alguém, e ajudar, primeiramente
a si mesmo.
Só podemos dar aquilo
que temos. Procure entender que, se há orgulho não há humildade, pois um é
antônimo do outro. O que você quer?