De onde veio àquela voz? Eu não sabia; não tinha medo, nem
sequer queria saber sua natureza. Eu só escutava e mais nada. Influência má
gera escolha equivocada e eu sei bem disso. Sabe como? Vou contar.
Nada parecia bom. Eu estava num vazio. Mesmo sabendo que um vazio não é vazio, é preenchido por um tipo de vazio, semelhante a outros. Eu não via alegria em meus dias, eu não conseguia sorrir. O estresse tomou conta de mim. Quis sumir do mundo e pela primeira vez eu quis morrer.
Nada parecia bom. Eu estava num vazio. Mesmo sabendo que um vazio não é vazio, é preenchido por um tipo de vazio, semelhante a outros. Eu não via alegria em meus dias, eu não conseguia sorrir. O estresse tomou conta de mim. Quis sumir do mundo e pela primeira vez eu quis morrer.
- Te mata que é mais fácil! – A voz adentrou minha mente
então.
Eu compreendia que o espírito em evolução só tende a melhorar
se souber sentir a dor, sem sofrer mais do que o normal, que a vida é um
processo. Sabia mais, que após o desencarne eu iria continuar vivendo, ir para
meu umbral. Mas para desejar isso, seria eu a minha própria obsessora? Já
pensei tantas vezes isso. Até que me veio à mente que seria um acúmulo de
coisas mal resolvidas, um acervo de muita ação feita do jeito errado, o que só
atrairia espíritos com a mesma vibração. A lei de causa e efeito não é falha, o
que falha sou eu, um ser humano errante. Teria que me perdoar setenta vezes
sete.
Então, havia um tempo que eu queria e desejava desencarnar,
na hora eu não pensava no que ia ver depois do meu desencarne. Cheguei a
escrever uma carta de despedida, toda elaborada, cheia de floração pelas
paredes das palavras, para que as pessoas soubessem que eu era feliz. Que
aquela garota cheia de vida, conselheira de muitos e sempre sorridente queria
deixar esse registro, escondendo de verdade a dor real que tinha dentro dela, e que ela não
deixava isso ser transparente. Eu sempre fui um enigma.
Mas não percebia que, ao planejar algo sem saber como
executar, estava registrando toda aquela mágoa, angústia e desânimo em meu
perispito, e que mais tarde isso me seria cobrado. Quando uma pessoa esta
agindo da mesma forma que pensa é mais difícil fazê-la mudar de ideia, já que o
erro vai ser cometido com vontade. Agredindo a mim mesma sem perceber e
deixando certas sequelas. E por que é tão fácil viver sob a influência
negativa? Porque o “país” não motiva? Por que os brasileiros são materialistas
e imediatistas e não entendem que esse país é a pátria do evangelho? Por que as
pessoas que aqui moram não conseguem alfabetizar seu próprio espírito? Isso dói,
pior que um cego que não vê.
Então vem o desânimo, cheia de desventura segundo o meu
humor. Eu queria me jogar em qualquer canto e ficar lá. Poderia ficar olhando a
parede por horas, só para não ter que pensar em nada. Eu cheguei ao cansaço
físico extremo, desenvolvi dores musculares que eu nunca tive antes; sem contar
as tonturas, pressão sempre baixa, enjoos e falta de apetite. Pensei eu que
estava com alguma doença, já que tinha sonhado que eu estava com câncer, vendo
meu próprio corpo doente, magro e pálido, meu rosto esbranquiçado e foi então
que eu decidi que morreria de câncer.
- Você está morrendo.
Aquela voz parecia que tinha prazer em me ver desfalecer. Emagreci.
Jurando que o efeito da doença estava começando. E quando penteava meus cabelos
eu via cabelos caírem mais do que o normal. Eu comecei a puxar meus cabelos
para ter certeza que eles não sairiam do lugar. Testava a situação, me
imaginava sem cabelo, usando lenço, toda feliz sabendo que ia morrer. Não sei
como consegui fazer isso. E contei a um amigo, a única coisa que ele disse,
foi: “força mulher!”. E mesmo assim aquilo não me tocou o coração, eu só falei
normalmente sobre a minha vontade de desencarnar.
O tempo foi passando. A faculdade me desanimava. Meu trabalho
me estressava. Em casa eu tinha a minha paz no meu canto, sozinha. Sentia-me
mal. Eu estava me jogando à morte do corpo, pois acreditava que meu espírito
estaria livre. Mas para onde ele iria? Que eu saiba não se pode interferir na vida já
que Deus é bom e justo, e nos dá a oportunidade de reencarnar para corrigir
atos errantes de outra vida. Eu estava à beira do suicídio. Como contar essa
vontade à minha família? Eles de fato me chamariam de louca porque eles só
conhecem meu lado forte, aquele que eu mostro com frequência. Mil coisas
passaram em minha cabeça. E comentei com outro amigo, que ficou aterrorizado e
não quis mais falar no assunto, disse que era princípio de depressão. E eu
falei que não sabia o que era depressão, rejeitava essa hipótese. Mas, agora
faço terapia porque decidi que necessito de ajuda para me entender de vez.
Sei que há influências espirituais, sei que somos mais
influenciados do que imaginamos. E percebi que eu estava sendo. Essa vontade
louca de voltar ao mundo espiritual não era desejo meu. Eu que sempre fui cheia
de vontade de viver, sempre falando para quem quisesse escutar que a vida tem
propósitos, que as coisas só fazem sentido quando conseguimos manter a mente
bem aberta para os acontecimentos da vida. E que tudo vale a pena quando a alma
não é pequena, já dizia Fernando Pessoa.
Foi então que eu ouvi:
- Lembre-se do amor de Deus, você não estaria aqui se não fosse
por alguma razão e nem sem a vontade Dele. E não esqueça dos ensinamentos que você já tem, isso já lhe serve.
E percebi que era somente uma dor fantasma. Não era eu que
queria desencarnar. Descobri que sou empata ou sensitiva, que sou capaz de
sentir o que outra pessoa sente, não preciso nem olhar. Descobri que posso
sentir os encarnados e os desencarnados em seus menores ou maiores grãos de
emoções; descobri que também posso bloquear isso, mesmo que me doa não poder
ajudar, porque não posso abraçar o mundo. Cheguei à conclusão que havia um
espírito perto de mim me fazendo acreditar que eu tinha que morrer. Mas não, eu
despertei, chorei muito e pedi perdão a Deus por ter entrado na sintonia desse
espírito sofredor e pedi também ajuda pra ele. Depois, essa vontade passou e eu
não desejo mais desencarnar.
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