Meu
peito traz uma varanda de sensações abstratas, ou não traduzidas pela minha
linguagem. Não sei se são as dobras de outra vida, mas assim como me encontro,
não consigo esquecer. Jamais, eu acho. Está trancado aqui dentro.
Não
esqueço que tentei sobreviver às tempestades. Juro que tentei esquecer. Pensei
que era só mais uma. Mas não. Nunca foi. E talvez fique por mais tempo. Já
tentei relatar nos livros que ando escrevendo, cada dia uma página de emoções não
faladas a ninguém, segredos insossegados.
Uma
maresia que sopra nas noites de frio me esbalda de ar, que já me falta, e me
faz sentar mais uma vez, pegar um caderno e começar a escrever. É mais forte do que eu, eu não quero, mas isso vem como uma bala desgovernada que acaba de sair de
um revólver cujo dono é maluco e brinca de atirar, o que faz adentrar meu peito abstrato.
Em
pedido de socorro me escondo e me afasto. Antes que seja tarde e algo de ruim
aconteça. Porém, é inevitável. Quando os olhos não fecham e os ouvidos não se
tapam, tudo é revelado. A boca quer beijar o alvo, sentir o sangue da bala
percorrer o corpo e cair, esperar e esperar algo acontecer.
Antes
que seja tarde, preciso esquecer, antes que eu morra primeiro.
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