segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Insossego do esquecer





Meu peito traz uma varanda de sensações abstratas, ou não traduzidas pela minha linguagem. Não sei se são as dobras de outra vida, mas assim como me encontro, não consigo esquecer. Jamais, eu acho. Está trancado aqui dentro.

Não esqueço que tentei sobreviver às tempestades. Juro que tentei esquecer. Pensei que era só mais uma. Mas não. Nunca foi. E talvez fique por mais tempo. Já tentei relatar nos livros que ando escrevendo, cada dia uma página de emoções não faladas a ninguém, segredos insossegados.

Uma maresia que sopra nas noites de frio me esbalda de ar, que já me falta, e me faz sentar mais uma vez, pegar um caderno e começar a escrever. É mais forte do que eu, eu não quero, mas isso vem como uma bala desgovernada que acaba de sair de um revólver cujo dono é maluco e brinca de atirar, o que faz adentrar meu peito abstrato.

Em pedido de socorro me escondo e me afasto. Antes que seja tarde e algo de ruim aconteça. Porém, é inevitável. Quando os olhos não fecham e os ouvidos não se tapam, tudo é revelado. A boca quer beijar o alvo, sentir o sangue da bala percorrer o corpo e cair, esperar e esperar algo acontecer.


Antes que seja tarde, preciso esquecer, antes que eu morra primeiro.

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