quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Era uma vez, mais uma vez



Tentei me colocar à disposição do meu sentir, já que havia cansado de me desfazer de mim ao longo desses anos; da minha bravura, da minha esquisitice e dos meus eus infindáveis que, ora me enlouqueciam, ora me ajudam demais. E eu que, mais uma vez, acreditei bondosamente que ocorreria do jeito que eu sutilmente havia planejado. Mas para quê? Se me arrisco todos os dias, e não sei reclamar verbalmente quando preciso, por isso as palavras escritas é que me traduzem. O quanto podem.

Se eu pudesse falar tudo o que vejo as pessoas não acreditariam em mim, não do jeito que deveria, elas ririam como se eu tivesse contado uma piada, e depois esqueceriam. Esse é um dos motivos de eu não falar tanto, pois quando penso em falar me dá taquicardia, então escrevo. E penso: era uma vez aquilo que eles poderiam saber. Mas não! As pessoas não precisam saber de tudo o que elas são, já que elas não fazem muito esforço para procurar se conhecer, e se alguém vê o que elas são, pior, visto que a preguiça não deixa... São vários “era uma vez” e mais uma vez perdidos. No meio do asfalto.

Eu não parei de acreditar em mim, e nem nas pessoas. À medida que ouço um ser humano falar me interesso cada vez mais por ele, cada vez mais pelas suas histórias. Tudo é interessante. Porém, mais uma vez eu me atropelo, ouço as pessoas e, Deus que me perdoe essa vida de empata arromba comigo.  Tem dias que volto pra casa com um cansaço tão grande, sem ao menos ter motivo fortes, dai me vem à cabeça que não sou uma pessoa normal, e vivo em uma sociedade vampira. Sou vampirizada com as lamúrias de muitas pessoas: no ônibus, na rua, no trabalho, no supermercado, na faculdade, na fila de qualquer lugar, e onde mais quer que seja sempre há alguém pra me fazer deixar com os ouvidos de prontidão. Não que eu queira, mas que parece que minha aura apita " É essa aqui, pode atacar!" Já tô me tratando.

E mais uma vez eu escrevo, contando sobre as ideias prolixas que tenho que ouvir por aí. Pessoas insatisfeitas, reclamando sem parar, com saúde para se virar muito bem e querendo se satisfazerem muito fazendo pouco. Eu tento falar, mas elas não deixam, estão ali implorando para serem ouvidas. As poucas palavras que saem da minha boca são mansas: “Tente entender que se não deu certo não era para ser”, “Às vezes, o caminho certo não é aquele que você planejou, e sim aquele que você se arriscaria na hora”, “ A paciência ajuda a energizar o cérebro para um bom raciocínio”, “Tenha em mente que nada cai do céu, um pouco de vontade e esforço ajuda você a encontrar as respostas que precisa”. E assim vai, minhas frases, tão curtas, mas tão significativas para mim. Será que me ouvem mesmo, nessa necessidade de quererem ser ouvidos?

Era uma vez eu conseguir enfiar na cabeça de todos, alguma coisa. E mais uma vez eu chego a me cansar, de fazer tanto e receber ingratidão. Mas, o que sempre falo pras pessoas que vem reclamar ou fofocar de outras para mim: "Fofoca é coisa de gente sem nada pra fazer, com mente vazia e carente! Pois o erro bate na porta de quem errou." Duas coisas que todos sabem e ignoram: somos tão imperfeito quanto o outro e se for para julgar o erro do outro, ele também pode julgar.

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