quarta-feira, 24 de abril de 2013

Emília e Gerson




Os pais de Emília eram ricos, possuíam muitas fazendas na Itália. Um dia os Agarelli vieram a passeio visitar a Irmã da mãe de Emília, a cidade de Içara tinha como o atrativo natural: a natureza. A casa da tia de Emília ficara próximo ao Lago do Jacaré.
         Emília era adolescente, e se apaixonara pelo lugar, pensara:
 “como pode existir tanta beleza em um lugar só? Tanta naturalidade que faz qualquer um se apaixonar” e não queria mais ir embora. Pensara em morar com a tia e anunciou a mãe que não gostaria de voltar para Itália, já que dominava muito bem a língua portuguesa e estava no último ano da escola. A mãe dela propôs uma condição. Primeiro queria que ela fizesse faculdade e depois a deixaria morar onde desejasse. Emília gostou, prometendo voltar a esta cidade.
         Os anos passaram e Emília já havia se formado, fez gastronomia cuja paixão era desde a adolescência. Os pais a ajudaram financeiramente e ela aceitou para não magoá-los, mas, Emília queria ser independente e logo conseguiria um emprego e também não queria viver em casa como uma dondoca sem fazer nada vivendo á custa dos pais, ela não era assim. Emília queria morar sozinha, não pensara mais em morar com sua tia, já era adulta. Mudou-se para um apartamento pequeno que seus pais lhe deram de presente, era muito simples, seu pai queria colocá-la em uma casa grande, mas ela não aceitou, não parecia pertencer a uma família tão rica. Seu pai resolveu fazer sua vontade para deixá-la feliz.
         Ela se correspondia com o pai, pois tinha uma relação muito forte, era a única filha e se sentia orgulhosa por sua vontade de ser independente, seu pai a chamava de “Mia bambina”.
         Nos primeiros meses ela sentiu falta de seus pais, mas só em saber que já estava em sua casinha, já estava muito contente por saber que o princípio da sua independência se aproximava, mas, o fato de estarem se correspondendo por cartas a fazia mais feliz. Sentia-se bem em saber que seus pais aceitaram a sua decisão, mesmo no fundo, não querendo perder a “bambina” deles.

Mio padre,

Desde quando pisei nesta cidade pela primeira vez eu me apaixonei por ela, creio que aqui seja o começo da minha vida, quero encontrar meu espaço nesta cidade profissionalmente e também um amor sincero e te dar netinhos. Estou muito feliz por vocês respeitarem a minha decisão e, por favor! Venham me visitar quando puderem.
A cidade é rica por natureza babbo aqui me sinto em casa, já fui visitar os lugares históricos, são lindos.
Quero agradecer pelo apoio que estão me dando e também por serem fortes de me deixarem aqui sozinha, não se preocupe, eu me viro bem e vocês sabem que eu sou forte. Aqui na cidade tem um restaurante italiano muito bom! Faz-me lembrar da Itália. Sei que a gastronomia é um dos maiores ramos em crescimento e um dia terei meu restaurante, mas quero começar de baixo como todo mundo faz, assim, eu adquiro mais experiências.

Saudades, Emília.

         Era sempre seu pai que respondia as cartas, ele fazia questão. Ficava triste ao saber que a filha estava longe e que não queria mais uma vida de conforto que o próprio dera todos esses anos, ela queria experimentar a responsabilidade. Voar sozinha e se descobrir nesse mundo e mostrar para seus pais o quanto era determinada e podia ser responsabilizar por si mesma. Tinha sonhos e queria que fosse possível realizá-los.
                           
                   

Cara Emília, mia bambina

Você sabe que não precisa passar por isso, seu pai tem fazendas e construiu essa casa para o seu conforto, não acredito que minha bambina cresceu e que já é uma mulher.
Sentimos sua falta. Se mudar de ideia, seu babo está aqui, mande notícias que logo vamos visitar você. Se cuide mia bambina!

Saudades, papai e mamãe.


         Emília pronunciara o “Scomassoni Sabor da Itália” para seu pai e tinha o hábito de vez em quando saborear os pratos daquele restaurante e no dia seguinte ela resolveu ir lá almoçar, gostava de chegar quando o restaurante abria para saborear uma bebida e pensar na vida e no que ia fazer, quando avistou uma mesa se sentou e logo ouviu uma Senhora no balcão do caixa chorando, não havia gente no restaurante, ainda eram onze horas da manhã, e ela fora perguntar àquela senhora se poderia ajudar.
          - Desculpe, posso ajudá-la? Porque choras?
- Sabe quando você sente que o mundo desabando em sua cabeça e você não tem para onde correr? – disse a senhora com as mãos segurando o rosto inchado.
- Mais ou menos, estou em uma nova fase da minha vida, acabei de chegar da Itália, me formei em Gastronomia Italiana.
- Mais você é tão jovem! Já é formada?
- Tenho vinte e dois anos, já deveria estar trabalhando. Mas porque a senhora chora? – perguntou Emília com pena daquela senhora.
- Meu cozinheiro reclamou que eu o pagava mal e pediu demissão. Agora não conheço outro cozinheiro que saiba cozinhar comida italiana, vou à falência, pois não sei cozinhar perfeitamente e tenho muitos clientes.
- Então porque o restaurante está aberto se não tem cozinheiro? – Curiosa não podia deixar de perguntar, pois já havia sentado e se pedisse alguma coisa? Aquela senhora já iria perder uma cliente.
- Ele veio trabalhar, mas do nada começou a reclamar, pediu demissão e foi embora.
- Senhora, se me permite, acho que tenho a solução, tive uma ideia! Vamos unir o útil ao agradável?
- Como assim menina? Não entendi.
- Dê-me uma chance! Posso ser a nova cozinheira, já que a senhora está precisando de uma. Não importa quanto a senhora vá me pagar, por favor!? Dê-me uma chance. Faça um teste comigo – Ofegante, ela acreditava que ia conseguir.
- Não sei! Você tem experiência na prática? Como posso confiar em você?
- Como eu disse, faça um teste! Tenho certeza que não vai se arrepender. Fiz alguns estágios em dois restaurantes na Itália durante um ano. Quis experimentar duas cozinhas para testar meus conhecimentos e também fazendo meus pais de cobaias – ela sorriu educadamente para aquela senhora e prosseguiu - até o cozinheiro dos meus pais ficou com inveja de mim.
- Esta bem, mas o que você sabe fazer? Tenho muitos clientes e daqui a pouco estarão chegando.
- Vou preparar o que aprendi, vamos ver os ingredientes que senhora tem.

         Emília entrou na cozinha como se já tivesse estado lá. Começou a separar os ingredientes e pediu a Senhora Francisca para comprar o que faltava. O antigo cozinheiro havia deixado a cozinha bagunçada, mas, já havia algumas coisas pré-preparadas, talvez tenha saído com raiva e determinado a não voltar. Ao meio dia e meio o restaurante estava cheio e Emília tinha colocado na porta a seguinte frase: “Desculpem a demora, mas, fiquem á vontade que a cozinha está sobe nova direção”.
         Quando Francisca chegou ficou assustada com tanta gente no restaurante e ficou com medo. Leu o recado na porta que Emília havia escrito e foi para a cozinha. Enquanto isso os garçons estava acalmando aquela gente e servindo bebidas.
- A senhora pode ter certeza que não se decepcionará comigo, só pedi a senhora para comprar esses ingredientes para que eu possa fazer a sobremesa enquanto os clientes saboreiam o almoço. Em alguns minutinhos já esta pronto. Vamos anunciar o prato do dia?
- O que é? Posso saber primeiro?
- Tem certeza?
- Ok, vai lá, mas estou aqui.

         Emília já estava convencida que o emprego era seu, confiava em suas habilidades e mal podia esperar para comentar essa alegria com seus pais. A Sra. Francisca quando chegou ao salão pediu a atenção de todos. Apresentou Emília e disse que ela havia preparado o prato do dia e que havia mudado o cozinheiro.

- Sejam todos bem vindos - Emília estava tão feliz que poderia gritar.
-Bom como prato principal será servido Fettuccine de Camarão com gorgonzola, Nhoque ao sugo e capelletti à toscana com acompanhamentos.
- “Parece muito saboroso!” - alguém disse.
- Brigada, mas peço que saboreiem, logo trarei a sobremesa.
         As pessoas mal acreditavam que uma jovem garota pudesse saber cozinhar como uma perfeita profissional, e ao saborearem a comida, com a ajuda de um homem sentado nos fundos do restaurante, começaram a bater palmas.
- Fazia tempo que não experimentava uma boa comida Italiana, o antigo cozinheiro não chega aos pés dessa jovem. Se ela for à nova cozinheira eu venho aqui todos os dias – disse o mesmo que agradeceu da primeira vez.

         Dona Francisca não podia querer mais nada do que aquele momento foi até a cozinha e abraçou Emília como se fosse sua melhor amiga e agradeceu sua insistência em ser cozinheira e que de agora em diante ela a queria como cozinheira do Scomassoni Sabor da Itália.
         Logo, Emília trouxe a sobremesa “Soufflé Ghiacciato al Mandarino”. Foi aplaudida mais uma vez com um sorriso de satisfação.
         Ao voltar para casa, escreveu para seu pai contando tudo o que havia acontecido. E que estava muito feliz, disse que o que ganharia dava para se sustentar e ainda sobrava. Seu pai lhe comprou um carro e não teve como ela não aceitar, porque ele já estava na garagem, ele havia lhe comunicado de uma surpresa pelas cartas e lhe mandou a chave por correspondência, pedindo desculpas por não poder comparecer.
         Um ano depois, quando Emília estava indo para o restaurante de carro, um rapaz de bicicleta atravessara na sua frente e justo no momento em que ela tinha abaixado para pegar um CD que gostava e colocá-lo para ouvir. Neste dia, ela estava indo mais cedo.
         - Meu Deus! Você está bem? – gritou vendo o rapaz estirado no chão.
- Nossa moça, você quase me matou – disse o rapaz segurando sua perna direita.
 Juntou-se uma multidão ao redor de Emília e do rapaz. Emília comunicou às pessoas que iria levá-lo ao hospital. As pessoas começaram a se afastar.
          - Vamos, vou levá-lo ao hospital, ou quer que eu chame uma ambulância?
- Estou bem moça, posso me levantar – disse com expressão de dor no rosto.
- Faço questão de levá-lo, estou envergonhada, deveria ter prestado mais atenção. Perdoe-me – ela estava mesmo envergonhada, como não prestou atenção na estrada, isso nunca aconteceu.
- Tudo bem, mas só vou para que você não se sentir culpada.
- Entre no carro, vou deixar sua bicicleta no meu trabalho.

         Gerson entrou no carro e viu que ela parara na frente de um restaurante há duas quadras de onde estavam. Ela pediu que ele lhe esperasse no carro que já voltava. Explicou o que aconteceu para a dona do restaurante e ela disse para levá-lo. Dona Francisca aprendeu alguns pratos com Emília nesse período, e disse para não se preocupar porque poderia cozinhar como fazia algumas vezes, quando pensara que Emília deveria ter folgas.
         - Vamos? Você está bem? Perdoe-me novamente, não era minha intenção... - ele a interrompeu respondendo.
- Não se preocupe isso acontece.
- Brigada pela consideração, aliás, me chamo Emília Agarelli e você?
- Sou Gerson Benevides. Você é Italiana?
- Você é curioso em? Como está sua perna?
- Desculpe! Acho que quebrei, pois você veio com tanta força que... - ele lembrou o assunto anterior e não falou mais nada não querendo que ela se sentisse culpada.
- Ok, chegamos. Deixe-me ajudar você.
         Os dois conversaram no caminho inteiro e Gerson se encantou muito com a beleza de Emília, ela tinha os cabelos lisos e castanhos escuro até os ombros, olhos azuis bem espalhados por seus grandes olhos. Parecia tão jovem, mas tão adulta, e estava usando calça jeans com uma blusa azul de cetim, combinava com seus olhos.
- Sou descendente de Italianos, não nasci na Itália, embora tenha sido criada como uma, mas fui para Itália quando tinha seis anos. Eu estou aqui tem dois anos aproximadamente e trabalho naquele restaurante.
- Dizem que a comida é maravilhosa, então é você quem faz? – perguntou Gerson admirado com aquela jovem se mostrando muito independente.
- Sim, sou eu mesma. Nunca foi lá?
- Não! Mas meu tio vai de vez em quando com o patrão dele
- E você? – a curiosidade era imensa, ela havia percebido que o rapaz era muito bonito e atraente, tinha um jeito cauteloso de falar, não tinha pressa de nada.
- Sou descendente de portugueses, quando meus pais morreram vim pra cá com meu tio e acabei de me formar em direito. Mas, ainda não comecei a atuar.
- Que idade você tem?
- Agora a curiosa é você! Eu tenho 27, já estou velho.
- Claro que não! E eu tenho 25 anos. E só trabalho tem um ano.
- E já tem profissão! Desculpa, mas que inveja em?
- Não se inveje, foi pura sorte e dedicação com persistência, meus pais não quiseram me deixar morar sozinha, mais mostrei a eles que queria escolher a minha vida e não ficar naquela fazenda de italianos dependendo financeiramente dos meus pais.
- Que determinada em?
- Chegamos, nossa, parece que andamos bastante - disse Emília se referindo ao andar lento de Gerson, por causa de sua perna ferida.

         Ao ver um enfermeiro na porta do hospital, pediu ajuda para carregar Gerson. O médico o examinou.
- Bom, teremos que engessar, parece que você quebrou a perna e deverá ficar de repouso e em observação algumas horas. Sua esposa deve vir buscá-lo mais tarde, não precisa ficar, temos médicos aqui para observá-lo.
- Obrigada doutor, que horas ele pode sair?
- No fim da tarde. Vamos tirar uns raios-X para ver se não houve mais fraturas. Aliás, foi um acidente? – e logo Gerson interferiu na conversa deixando Emília de lado querendo defendê-la.
- Um louco passou na estrada em alta velocidade e me pegou, eu estava de bicicleta e Emília me trouxe até aqui.

Gerson gostou de saber que, o doutor havia pensado que aquela garota tão linda fosse sua mulher e falou que um louco o atropelou porque não queria que o encanto daquele momento acabasse. Ela prometera vim buscá-lo. O doutor saiu do quarto de Gerson e os deixou a sós.
- Porque você o deixou pensar que somos casados?
- Desculpe, é que você disse que viria me buscar, e eu não quis que você contasse ter me atropelado, não mesmo.
-Brigada! – mas eu merecia alguma punição por isso.
- Claro que não, eu jamais deixaria isso aconteceu – logo abriu um sorriso encantador que até Emília se encantou retribuindo da mesma forma.
         Emília se despediu, passando a mão na cabeça de Gerson e dizendo que viria buscá-lo assim que saísse do restaurante. Ele agradeceu.
         Gerson veio de uma família de portugueses que mal tinham o que comer, ele veio com o tio para Içara porque seus pais tinham morrido na cidade onde ele nascera, no Rio grande do Sul e ele era o único filho.  Gerson teve sorte que seu tio havia conseguido um emprego bom e o ajudou muito, fez faculdade de direito.
         Em pensar que depois de tanto sacrifício que passou conhecer de repente uma garota tão linda e independente, o fizera criar forças e ir à luta. Gerson tinha apenas um amigo, Franklin, que fizera faculdade no mesmo lugar, sentia saudade dele, Havia casado e tinha uma menina recém-nascida, se chamava Jéssica com apenas alguns dias de vida e ficava triste de não poder visitá-lo, era pobre e não tinha dinheiro, seu tio o ajudava com muito esforço.
         No momento de muitas reflexões, de repente seu celular começa a tocar e é Franklin, anunciando que avistou um emprego para Gerson, e que agora ele poderia atuar na mesmo repartição que Franklin, na cidade onde ele estava. A alegria foi imensa, Gerson combinou com Franklin e até comentou que estava em uma cama de hospital. Franklin ficou muito preocupado, mas, Gerson disse que tinha alguém cuidando dele, e falou da moça e do que havia acontecido. Franklin avisou que iria visitá-lo logo. Então se despediu.
         Logo pela tarde, Emília voltou ao hospital e viu Gerson com a perna enfaixada. Foi ajudá-lo, levando umas muletas para que ele conseguisse andar. Emília disse que não daria para ele ir de bicicleta, então perguntou onde ele morava que levaria em casa, sem opção, Gerson aceitou. No percurso ela lhe deu algo para comer, dizendo que ninguém merecia comida de hospital e de todo o tempo que ele passou lá sem comer nada de bom. Gerson agradeceu satisfeito.
         Emilia percebeu que ele morava a duas quadras de sua casa, em uma rua mais humilde. Gerson era pobre, e ainda morava com seu tio e ao chegar ao portão gritou por ele e logo veio acudi-lo. Perguntou o que aconteceu e convidou a moça para entrar. Ela entrou por uns instantes.

- A casa é modesta, mas é acolhedora.
- Eu sou simples esqueceu? Lembra que eu te contei que vim morar para cá para fugir da luxuria que me cercava lá?
- Certo você quer beber alguma coisa, ou comer alguma coisa?
- Não obrigada! Já estou satisfeita, comi no restaurante.
- Ei, tio?  Ela é cozinheira do Scomassoni Sabor da Itália.
- É você quem prepara aquelas delícias? – perguntou o tio admirado por ela ser jovem.
- O senhor já foi lá?
- Fui algumas vezes, trabalho para um executivo de motorista particular, e de vez em quando ele come nesse restaurante e me leva junto, é muito solitário e eu faço companhia, ele não confia muito nas pessoas, elas se aproximam pelo dinheiro dele e isso o deixa com raiva.
- Então, você está se sentindo melhor Gerson? – havia um ar de preocupação na voz dela.
- Sim, dou um pouco, mas com os remédios creio que diminuirá.
- Que bom, mas se eu puder ajudar mais de alguma forma... – fitou-o com preocupação.
- Não, eu melhorarei logo, sei disso – ele disse com certeza e com aquela voz que Emília gostava de ouvir - Ah! Bom, hoje falei que estava desempregado, agora não estou mais. Começo a atuar como advogado daqui á um mês.
- Que notícia boa, pois quando trabalhamos com o que gostamos é pura emoção. Bom, logo trarei a sua bicicleta, vou indo que já está tarde e amanhã acordo cedo. Tenha uma boa noite! E se cuide!

         Emília não parou de pensar em Gerson no caminho para casa, seria ele a sua felicidade? Porque o que sentira a deixou meio confusa, só teve um namorado quando ainda estudada no colegial e devido a tantos planos com a mudança e a faculdade não pensara muito em namorar por talvez não quiser se prender a ninguém de lá, pois o seu objetivo era vim para o Brasil.
         O tempo passou e Emília estava enrolando para voltar à casa de Gerson. Havia se passado três semanas e, ela nem tinha pegado seu telefone, mas resolveu ir até lá, quem sabe já estava melhor e precisava da bicicleta.
         Ao chegar, Gerson estava na porta e avistou Emília de longe já gritando o nome dela. Foi ao seu encontro e a abraçou demonstrando a saudade que sentia mesmo só tendo a visto só uma única vez. Ela adorou, parecia que precisava daquilo. E quando ela falou da bicicleta, Gerson já estava beijando-a e confusa não relutou contra ele porque estava gostando sem saber por quê.
          Se tio estava de plantão, portanto não voltaria para casa tão cedo, pois quando seu patrão pedia para que ele ficasse de plantão, o usava até o dia seguinte e às vezes ele dormia lá. Nesse momento o telefone tocou, era seu tio dizendo que ia dormir lá essa noite e que ia voltar somente na noite do dia seguinte. Gerson adorou ter ouvido aquilo mesmo nunca ter gostado da solidão. Aquele momento o tio atrapalharia.
         Ele olhou para Emília, e avistava um rosto com bochechas vermelhas e olhos arregalados. De novo ele a pegou em seus braços sem que ela pudesse falar qualquer coisa que estragasse aquele momento. O momento do beijo foi bastante caloroso, demorado e romântico, como Emília um dia havia desejado.
         Quando ele parou de beijá-la olhou seriamente nos seus olhos, como se ela fosse uma coisa rara, é inexplicável para explicar essa explosão de sentimentos que ele nunca havia sentido, ela era uma maravilha de paisagem rica em beleza.
- Emilia, eu queria lhe pedi desculpas, não consegui parar de pensar em você durante esses dias. Meu coração esta cheio de sentimentos e eu nunca senti isso, é uma coisa tão complicada que nem sei o que é. Quando penso em você me sinto feliz e triste. Sei lá. Acho que estou apaixonado.
         Emília ficou imóvel, sempre imaginou ouvir isso de alguém que também desejasse. Ela não conseguia falar, olhava para Gerson com aqueles lindos olhos azuis que cada vez o deixava mais apaixonado ainda por ela. Seu cheiro era tão delicioso que ele ficou com vontade de ter ela em seus braços novamente, mas, queria saber o que ela pensava sobre a situação.
         De repente um estranho a pega nos seus braços e começa a beijá-la apaixonadamente, como se fosse sua razão de viver, é assim que Emília se sentiu. Após pensar muito ela conseguiu falar.
- Eu... Não sei o que dizer, fui surpreendida, mas... Também não consegui parar de pensar em você, pensei que já tinha conquistado tudo o que queria daí você aparece na minha vida de repente e faz eu me apaixonar desse jeito. Quando você me beijou parece que eu já desejava isso... Não sei o que pensar. Isso nunca aconteceu comigo.
- Quer dizer então que você gostou do meu beijo?
- Sim! Acho que também sinto algo estranho, mas, muito caloroso por você, se realmente isso for possível, esse beijo só serviu para que eu tivesse certeza – Emília abriu um sorriso de satisfação.
- Por favor! Namora comigo? Sei que não sou aquele homem que seu pai sonhou, com riquezas e coisas assim. Vou trabalhar e ser um bom advogado e poderei te fazer muito feliz. Deixa-me entrar em sua vida para que possamos ser um só?
- Sim! Confesso que sinto um pulsar profundo no meu coração com toda essa declaração. Aceito!
         Gerson a pegou pelos braços novamente e a beijou com mais vontade ainda, loucamente. E ficou mais feliz ainda em saber que Emília era pura e nunca tinha estado tão íntima de um homem assim antes. Os dois conversaram a noite inteira, Emília estaria de folga no dia seguinte, era uma noite de sábado para domingo. Gerson a respeitou e disse que precisavam se conhecer melhor e aproveitaram todo o final de semana juntos.
         Um ano depois, o casal permanecia firme e forte e mais apaixonado do que nunca. Gerson havia ganhado muitas causas e Emília sentia muito orgulho dele. Gerson a pediu em casamento, pois já tinha muita certeza que queria aquela mulher como sua esposa para sempre. Era hora de Emília contar a novidade para seus pais.


Querido babbo

Estou muito feliz, pois encontrei a pessoa que eu amo. Sinto-me tão amada por ele, que acho nem merecer tanto amor e carinho. Ele me faz sentir uma mulher de verdade.
Hoje ele me pediu em casamento, embora o senhor já houvesse abençoado a nossa união da última vez que veio me visitar, com certeza percebeu que ele é do bem, e que me ama demais.
Então, gostaria de anunciar que me casarei no mês que vem e minha festa será simples, eu farei no restaurante, pois dona Francisca insistiu muito e bancou o Buffet, acredita? Quero que me abençoe de novo, e me leve ao altar.
Estou tão feliz que não tenho mais palavras, me sinto satisfeita e agradeço a vocês por existirem em minha vida.

Até o casamento!
 Com muito amor, Emília.

         Aquela foi à última carta que mandara a seu pai, no dia do casamento seus pais choraram muito. Emília estava linda naquele vestido que sua mãe havia a presenteado e que estavam muito felizes por sua filha estar se casando com seu amor.
         Passaram a lua de mel em Paris, cujos pais de Emília que presentearam o casal. Emília e Gerson foram morar na Rua Cinquenta de dois. Entre a Lagoa do Rincão e a Lagoa do Faxinal. Após dois anos nascera Emilly. Depois Lucas após um ano e por último, quatro anos mais tarde veio Camilly. Os pais de Emília faleceram quando ela estava grávida de Lucas e a herança deixada por seus pais foi guardada para o futuro de seus filhos, ela não quisera nada. E depois que Camilly nasceu o tio de Gerson havia falecido também, de uma doença rara. Portanto, não havia mais família ou parentes por perto. A não ser o amigo de faculdade de Gerson que se mudara para ao lado de sua casa quando Emilly tinha cinco anos.

        


__________________FIM__________________


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